quinta-feira, 30 de setembro de 2010

No ano da eleição da “Aldeia mais portuguesa de Portugal”, 181 crianças de Monsanto, com farda da mocidade portuguesa, visitaram Lisboa.
Foi-lhes explicado que tudo era obra de Salazar.
Parente isto, relatou o jornal Diário da Manhã, os piquenos gritaram: “Viva Salazar”.

A última “conversa em família” de Marcelo Caetano foi para o ar em 29 de Março de 1974.
 “Uma só condição para a evolução do Ultramar é de que a África Portuguesa continue a ter a alma portuguesa”.

No dia 2 de Abril de 1974 morria Pompidou, presidente francês.
Em Lisboa o Ministro do Interior participava no funeral de um guarda do aeroporto assassinado na madrugada em circunstâncias nunca esclarecidas.
Paulo de Carvalho partia para Brighton para participar no Eurofestival, com a canção “E Depois do Adeus”.

No dia 24 de Abril as manchetes dos jornais davam conta da deslocação do Sporting à RDA. Eram as meias-finais da Taça das Taças.
O quase campeão nacional de 1974 perdeu e os jogadores apanharam o 25 de Abril na viagem de regresso.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Em 1957, a União Soviética coloca em orbita o Sputnik, o 1º satélite artificial, que emitiu um sinal captado em todo o mundo.
O professor Varela Cid, a maior autoridade portuguesa em ciências astronáuticas, nega categoricamente a evidência., dizendo que tal facto é mera “propaganda comunista”.
A insólita e estúpida afirmação corre mundo e cobre-nos de ridículo.
Le Monde diz “Les portugais sont toujours gais”.
E na Grã-Bretanha surge a expressão diplomática “Don’t be Varela” sempre que alguém diz uma alarvidade.

Editorial do Diário de Noticias de 24 de Abril de 1974:
“Um sinal invisível, encarniça-se contra nós, avoluma acontecimentos, empresta-lhes significado e importância que não têm, profetiza desgraças, imagina desenlaces como se o fim do regime estivesse á vista ou as figuras que o representam houvessem deixado de merecer a confiança do país”.
No dia seguinte o editorial da véspera candidatava-se ao prémio de pior previsão do ano.

Por muito estranho que isso possa parecer aos jovens de hoje, antes de 1970 era necessária uma licença para se usar isqueiro.
Foi o Decreto-Lei 28/219 de Novembro de 1937
Destinava-se a proteger a Fosforeira Nacional.
Foi abolido em Maio de 1970.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Eram muitos os ridiculos do Estado Novo.


Era proibido divulgar a idade de Salazar. 
Em 1966, isso foi possivel através de um telegrama enviado pelo presidente norte-americano, Lyndon Johnson, felicitando Salazar pelo seu 77ª aniversário.


Foram proibidas a importação do Opel Ascona, dos camiões Phoden e das máquinas Kona Coffe.


As matriculas começadas por CU forma proibidas.


Pela mesma razão o embaixador Porras Y Porras não foi aceite como embaixador em Portugal.


A sentença dos caso das três Marias devia ser lida em 15 de Abril de 1974.
Nessa manhã o Tribunal da Boa-Hora estav cheio de jornalistas, incluindo estrangeiros.
O processo movido às autoras de "Novas Cartas Portuguesas" tivera grande alarido no estrangeiro.
Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, eram as 3 Marias.
O juri não compareceu...
Na Holanda um grupo de feministas ocupa, à força, a embaixada de Portugal.
O julgamento foi adiado para 7 de Maio...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Na guerra colonial, todos morriam por acidentes de viação, por doença ou por afogamento.


Nas guerras coloniais, entre 1961 e 1974, estiveram 1 400 000 portugueses. Morreram 8 831, dos quais 4 280 oficialmente em combate.
Regressaram 30 000 deficientes e 140 000 atingidos por dísturbios pós-traumáticos do "stress" de guerra.
O meu pai foi um deles. esteve em Angola.
Nunca me conseguiu falar da experiência, e poucas fotografias vi dessa época. Só me lembro de uma perna com gangrena que ele tinha.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

19 de Maio de 1971.
Os trabalhadores da tipografia do Diário de Noticias faziam greve, porque os seus colegas do turno nocturno iam perder os respectivos turnos e a respectiva remuneração.

Greves e paralisações de trabalho eram considerados actos subversivos, ainda por cima num jornal com direcção do governo.
Por volta das 23 horas, e sem que ninguém no interior do edifício se apercebesse, a PIDE, chamada não se sabe por quem, fecha os acessos à Rua Rodrigues Sampaio.
Trouxe ambulâncias a prever resistência e feridos. Ocupou o hotel em frente com armas apontadas para as janelas da tipografia.

Entraram Pides de armas na mão, sem pedir licença, coisa a que não estavam habituados a pedir. Perguntaram aos tipógrafos o porquê da paralisação.
A PIDE manda-os trabalhar ou vão todos presos. Os tipógrafos escolhem ir presos.
O chefe da redacção, João Coito, e 3 jornalistas vão falar com o inspector da PIDE.
Os tipógrafos colocam-se em posição e arquitectam um plano, para executar se o caso desse para o torto, um coloca-se junto ao quadro para apagar as luzes e, com barras de ferro de chumbo usadas nas caldeiras, partirem a cabeça aos PIDES, ignorando as metralhadoras que os esperavam.

O caso acabou por se resolver a bem, pois o jornal não sair no dia seguinte, mesmo com a prisão dos tipógrafos, não era bem visto pelo regime.
De tudo isto saiu o reconhecimento do trabalho nocturno e o seu pagamento suplementar de 25%, como previa a OIT.
A lei saiu e bem ficaram os trabalhadores á espera do fim do mês, para o patronato a lei foi para esquecer…

Poderá hoje o simples facto de um cidadão querer usufruir dos seus direitos parecer banal e egoísta. Mas ainda hoje existem trabalhadores privados desses direitos e do direito a reivindicá-los, por receio de represálias, ou por ineficácia da justiça e das organizações e instituições que têm por dever protegê-los.
E isto inclui os sindicatos.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O futebol na Tugólândia é aproveitado por terceiros, no bom e no meu sentido.
O “ópio do povo” foi durante os anos da ditadura, tal como hoje, um dos 3 “F” para desviar os tugaleses da política.

Mas nem o povo era tão limitado, que não tivesse capacidade para pensar, nem tão ignorante que não percebe-se o jogo. Um fenómeno que apaixona o povo não podia, nem pode, ser desprezado pelo governo, nem por aqueles que querem promoção pessoal e social, além da financeira.

Não causou pois admiração que os Magriços, tal com os do último campeonato mundial de futebol, fossem acolhidos pelo governo e presidente.
Dizia-se que o Eusébio foi impedido de sair para um clube estrangeiro por Salazar.
Os presidentes dos clubes eram sancionados pelo regime.

No entanto na final da Taça de Portugal de 1969, os jogadores da Académica decidiram, como prova de solidariedade com os colegas estudantes e em luto, entrar no campo com as capas negras. E não passou despercebido aos 700 000 espectadores.
A sorte do regime é que o Benfica ganhou, (coisa que este ano está difícil) …

Nos dias de hoje caiu o Fado, foi substituído pela Telenovela.
Futebol, Telenovela e Fátima.
FTF. Ficamos todos fodidos…

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Jogos de enganos, histórias de equívocos, amores serôdios, canções populares.
Era assim o cinema do Estado Novo.

A caixeirinha Tatão estreia a 19 de Setembro de 1941. A história era simples, Tatão convencia-se que o Chico Mega era fidalgo e aspirando a ser uma senhora fina, não se apercebe que era apenas um ensaio de uma peça teatral. Acabam todos alegremente a caminho da esquadra, cantando e rindo.
Como se alguém fosse nessa altura alegre para uma esquadra da policia.

Ainda hoje é um dos grandes exemplos do cinema dessa época.
Apesar da desconfiança, tipicamente tacanha de Salazar, António Ferro compreendeu q importância do cinema como via para passar a propaganda do regime.
As vedetas vinham do nacional canconetismo e do teatro de revista.

António Silva, Vasco Santana, Ribeirinho, Beatriz Costa, Maria Matos, Teresa Gomes…
Restavam as comédias, no país de brandos costumes, O Leão da Estrela, O Pátio das Cantigas, A Canção de Lisboa, O Pai Tirano, A Aldeia da Roupa Branca. Tudo “bom povo”, que se acolhia “na sua alegre casinha, tão modesta como eu”.

Um jogo de aparências e equívocos, á imagem e semelhança de Salazar.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Em 12 de Março de 1962 a Rádio Portugal Livre iniciava as suas emissões clandestinas, a partir de Bucareste.
Em 1963 nasceu a Voz da Liberdade em Argel.

A oposição organizava-se no exterior. A voz da Portugal Livre era a de Aurélio Santos.
Por precaução não se sabia a localização exacta dos estúdios nem dos emissores.
Rompia o silêncio que imperava em Portugal ás 2 da manhã.

Em Outubro de 1964 Manuel Alegre assume a direcção da Rádio Voz da Liberdade, em Argel.
Ia para o ar ás Segundas, Quartas e Sábados pela 1 da manhã.
Depois havia a BBC.

Aqui a censura não metia o lápis azul.
Foi nestas rádios que os líderes dos movimentos de libertação africanos se fizeram ouvir pelos portugueses.

Havia quem ouvisse a Rádio Moscovo, a Rádio Tirana e a Rádio Pequim. Mas todas a medo. A Guarda Republicana tinha ordens para escutar às portas, e houve pessoas que foram presas por ouvir programas que não deviam.

A Rádio Portugal Livre encerrou em Setembro de 1974.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Era preciso ter ouro.
Como em tudo Salazar exagerou…
Deixou um mito, o ouro é símbolo da riqueza da nação.
Erros no presente de realidade passada.

Em 1931 o regime fazia propaganda da 1ª grande compra de ouro, símbolo de “riqueza” da nação.
Portugal acumulou ouro desde a ditadura militar até ao início da Guerra Colonial. Até barras com a cruz suástica, vindas da Alemanha nazi, teve.
Chegou ás 869 toneladas ainda nos anos 60, era tanto que não existiam condições para o ter todo em Portugal. Muito estava em Inglaterra, Estados Unidos e Suíça.

Transformaram o ouro num mito. Salazar só cumpria as regras do sistema monetário mundial, que abandonou o ouro em 1971. A moeda era forte se existisse ouro. A circulação de moeda, assim como as responsabilidades à vista, estavam reservadas às reservas.
A política isolacionista fundamentaram os exageros de Salazar.
Mas há uma coisa que falha, que é a abertura da economia.

O Escudo segue a queda da Libra, a partir dai o governo começa a encher os cofres de ouro, com grande propaganda.
Em 1933 existiam 40 toneladas, a partir dai os relatórios são lacónicos.
A Segunda Guerra ajudou a enriquecer os cofres, com vendas de matérias-primas aos dois lados dom conflito.
Quando a guerra acabou, o país estava cheio de ouro e os portugueses cheios de fome. Os Aliados exigem o ouro roubado pelos nazis aos judeus e aos países ocupados. Salazar recusou-se a devolvê-lo.

O ouro, esse serviu para torrar na Guerra Colonial. Entre 1961 e 1962 forma vendidas 100 toneladas.
O 25 de Abril encontrou o Banco de Portugal com 773 toneladas.
Em 1976 chegavam às 861.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

O universo feminino antes do 25 de Abril tinha 2 tipos de mulheres, as senhoras e as outras.

As senhoras eram as mães de família, as outras as que trabalhavam.
A imagem tradicional da mulher era a dona de casa, do lar, que cuidava dos filhos, tratava da casa e obedecia ao marido, submissa e prendada.
Já nessa altura se debatia o fim da família tradicional, que se devia manter a estabilidade do casal, da nação e dos bons costumes.

Trabalho para essas era só os da igreja, a caridadezinha, os chás e as vendas de Natal.
Mulher que trabalhava ia roubar o lugar do homem, a quem competia o papel de responsável económico do lar.
As outras eram donas de casa que pobres ou por opção, tinham de trabalhar. As prostitutas eram um universo paralelo, não era considerado trabalho, e ainda não o é hoje.

A mulher passava por tola, incapaz de decidir, entre o pai e o marido, e mesmo as que ficavam para tias eram vigiadas, não fosse o diabo tecê-las, e nem as freiras escapavam.
A Constituição de 1933 dizia que todos os cidadãos eram iguais parente a lei “salvas quanto á mulher, as diferenças resultantes da sua natureza, e do bem da família”.
O pai e depois o marido representavam a mulher em todos os actos, na urna de voto, na administração dos bens. Não podia ausentar-se sem autorização do marido, e ele podia ler a sua correspondência, mas se ela o fizesse podia ser presa.
Igreja, cozinha e família eram o seu mundo.

Em relação à educação era ouvida, mas o marido não tinha que seguir a sua opinião.
E o marido podia matar a mulher em flagrante delito de adultério até aos anos 60.

A Guerra Colonial veio mudar tudo, a mulher ganhou espaço que o homem deixava vazio. Era preciso preencher o espaço no mercado de trabalho, deixados pelos homens que partiam para a guerra e para o estrangeiro.

Salário igual para trabalho igual.
A Lei Portuguesa consagra este princípio desde 1969.
Simplesmente, toda a gente sabe, a prática não é assim.
Nos anos 70, as mulheres ganhavam menos 50% do que os homens para o mesmo trabalho.
Em 1973, nos sítios onde a maioria dos trabalhadores eram mulheres, tanto os salários delas eram mais baixos, mas também os dos homens.
Em 1976 ainda se justificava o facto por as mulheres trabalharem menos que os homens.

A entrada da mulher no mercado do trabalho veio colocar problemas na estrutura social, mas também trouxe factos positivos.
O mais visível foi o da diminuição da mortalidade infantil. Em 1961 morriam 88 crianças em cada 1 000. Em 1972 desceu para 41. Uma prova da melhoria da qualidade de vida das famílias.

A doença tem remédios, a morte não

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A contestação foi sempre uma constante no antigo regime, e não só em Lisboa e Coimbra.

Os grandes centros operários eram um ninho para a contestação de norte a sul do país, da Covilhã ao Alentejo e principalmente na cintura industrial de Lisboa.
A proibição das greves e a nacionalização dos sindicatos vieram agravar a situação.

Em 18 de Janeiro de 1933 uma enorme onda de greves varre o país, em especial na Marinha Grande, comandada pelos operários vidreiros, e foi violentamente reprimida.

A Segunda Guerra serena os ânimos, mas mesmo assim em 1941 os operários da indústria têxtil fazem greve. Repetem a proeza em 1946, acompanhados pelos de Gouveia. São presos muitos deles.
Foi em Tortosendo que a luta foi mais constante.

O 1º de Maio de 1962 foi brutal, pela resposta às manifestações no Porto, Barreiro e por todo o Alentejo.
A região de Lisboa, altamente industrializada, é a zona mais problemática para o Estado Novo.
Em Almada os operários navais e os corticeiros são os mais contestatários. Lisboa, Barreiro, Setúbal, Sacavém e Vila Franca de Xira são os principais bastiões de opositores.

Na capital os estudantes juntam-se aos trabalhadores, posteriormente alastra-se aos de Coimbra e mais tarde ao Porto.
Estudantes e padres infiltram-se nas fábricas em Setúbal e alfabetizam os operários fabris. Eram organizadas reuniões onde se discutia desde o saneamento básico, a questões de segurança no trabalho.
Em 1969, a igreja católica que os olhava com desconfiança, faz com que os padres desistam.

O Barreiro sempre foi uma das localidades mais vigiadas pela PIDE, até no dia de finados, as campas dos antifascistas mortos eram vigiadas.
A luta por melhores condições de trabalho generaliza-se nos operários agrícolas de Beja, Pias, Montemor-o-Novo, Grândola e Baleizão (onde é assassinada Catarina Eufémia, que se torna heroína da luta contra o regime), nos mineiros de Aljustrel e nos corticeiros de Coruche e Silves.
O Couço era considerado a Moscovo de Portugal.

No 50º aniversário da Republica, em Alpiarça, um protesto em forma de fogo-de-artifício, pôs a GNR em polvorosa. Em resposta a GNR abre um posto na vila e impõe um recolher obrigatório a partir das 23 horas.

O Partido Comunista Português passou à clandestinidade em 1935, aquando da proibição dos partidos políticos, e foi um dos bastiões da resistência ao Estado Novo.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

É hoje (será?) lida a sentença do processo Casa Pia.
É um grande exemplo do funcionamento da justiça na Tugólândia. Lento e injusto.

Levou anos a chegar a uma sentença, com inúmeras peripécias ao longo do processo.
Nove funcionários da Casa Pia já foram julgados neste processo, mas como eram raia miúda, foi tudo limpinho e rápido.
Já para os mediáticos tudo foi diferente, pressões atrás de pressões, recursos atrás de recursos, difamações aos magistrados e juízes, tudo manobras dos arguidos e dos seus advogados.
Agora até o Carlos Tuga Cruz ameaça outros envolvidos no processo, e sabe Deus porquê não estão também a ser julgados, de divulgar os seus nomes, tipo se não me safam disto eu enterro-os também.

E depois a pressa com que os políticos foram afastados de suspeitos, foi digno do caso “Ballet Rose”, como o caso do Paulo Tuga Pedroso, e de muitos outros que nem sequer vieram a lume, mas estão nas centenas de registos do processo.

Porque razão foi o juiz Rui Teixeira, afastado do processo, e suspensa a sua classificação de MUITO BOM até á conclusão do processo?

Será que, tal como no caso Ballet Rose, os violadores confundiram os piquenos por adultos?
As crianças auto-violaram-se?
Descobriram pormenores dos corpos dos arguidos, alguns íntimos, por telepatia, ou então os Srs. andaram a fotografar-se ou a filmarem-se nus e a distribuir pelos amigos!
Não me recordo de ver o Sr. Cruz no 1,2,3 despido…
E as marcas corporais de que alguns políticos e mediáticos, que foram removidas cirurgicamente logo após a divulgação dos relatos dos miúdos, como do Sr. Paulo Tuga Pedroso?

Claro que todos sabemos com vai acabar isto tudo. O Carlos Silvino, arguido e vítima nisto tudo, vai ser o único preso. Os outros com os seus advogados pagos a peso de ouro (como esta gente é abastada), vão ser “libertados” pelos imensos recursos que vão vir, e que acabarão por prescrever tudo.
E os violados vão ser novamente “molestados”, desta vez pela justiça, depois de já o terem sido pela incúria dos sucessivos governos que devia ter estado atento.

Quanto aqueles advogados ricos e famosos, não devem ter filhos, ou se os têm, nada lhes deve pesar na consciência, ou então não a têm, porque o que interessa é o dinheiro que lhes cai nas contas bancárias.
Não sei quem é culpado ou não, mas uma coisa tenho certeza, agora e antes, e mesmo de futuro, não se vai fazer justiça.
E onde estão aquelas velhinhas histéricas defensoras do Carlos Tuga Cruz?

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Antes do 25 de Abril as vedetas musicais eram António Calvário, Artur Garcia, Tony de Matos, Maria de Lourdes Resende, Madalena Tuga Iglésias, Simone de Oliveira…

Apenas os jovens dos liceus não iam por este diapasão. Eles eram mais “modernos”, e para eles as vedetas eram os Beatles. Os Beach Boys, os Rolling Stones, os Jefferson Airplane…

O Festival da Canção da Tugólândia fazia para tudo. A imprensa em peso mimava-os. Todos os anos haviam a eleição dos reis da rádio.
A revista Plateia “tomava conta” do rei e a Flama da rainha. Havia clubes de fãs e rivalidades. Os de Madalena Iglésias eram fanáticos.

Em 1963, Madalena esperava ganhar o segundo título consecutivo, mas os votos vindos de África deram a vitória a Maria de Lourdes Resende. Iglésias na hora da consagração da rival vira-lhe a cara. E caiu mal na imprensa e no público.
Casou com um Venezuelano (muito feio por sinal, mas muito rico), deu por finda a cantoria (graças a Deus) e nunca mais se viu…

António Mourão cantou em 1964 uma canção, numa revista no Parque Mayer, que ficou como um dos maiores sucessos de vendas da época, “Ó tempo volta para trás”.
Mas foi a perdição do artista depois do 25 de Abril, sendo taxada de canção do antigo regime. Ele que até tinha cantado canções proibidas de António Aleixo e Vasco da Lima Couto.
Aliás o 25 de Abril caiu em cima de muitos com estrondo. Eram conotados com o Estado Novo. Deixaram de passar as suas músicas, foram marginalizados. Alguns mesmo maltratados. Alguns nem sequer estavam em consonância com o sistema político, outros sim…

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O Estado Novo não teve, apesar de anos 48 de permanência, heróis próprios.
Nem a participação portuguesa na 1ª guerra mundial, nem a guerra colonial.
A explicação é óbvia.

Salazar torceu o nariz aos monárquicos do golpe de 28 de Maio de 1926.
E Nuno Álvares Pereira tornou-se o símbolo heróico do Estado Novo. E é apresentado como um homem santo.

Viriato só é recuperado aquando do início da Guerra Colonial.
D. Afonso Henriques era exaltado por ter sido o criador da nação.
No entanto eram exaltados dentro dos limites impostos pelo regime.

As circunstâncias da história em que havia aspectos de rebelião ou sublevação eram omitidas ou suavizadas.
O Estado Novo remeteu as Descobertas para o Infante D. Henrique. A sua imagem passada para os livros de história é a mesma que se encontra nos Painéis de São Vicente.

Tudo beato, triste e composto.