terça-feira, 31 de agosto de 2010

O erro dos Tugas que viviam em África, e acreditavam na Tugólândia una e “indivisível do Minho a Timor”, era a de que isso continuaria para sempre.
Que o povo africano continuaria manso e submisso ao poder do branco.
E mesmo com a guerra, continuaram a acreditar.

Cahora-Bassa era a confirmação da grandeza e da permanência de Portugal em África.
Os movimentos de libertação eram considerados terroristas. Durante décadas Salazar temeu a formação de novos Brasil, por isso dificultava a migração para as colónias.
Para se ir para Angola ou Moçambique só com “carta de chamada”.

Em 1961 com o famoso “para Angola e em força” que tudo mudou.
Com o inicio da guerra, quantos maias portugueses em Angola, melhor. A começar com os milhares de soldados, que depois de desmobilizados eram dadas facilidades de fixação.

Desataram-se a construir infra-estruturas para o efeito, desde estradas, hospitais, escolas. Foi feito tudo aquilo que em 500 anos de permanência não se fez, a inclusão dos povos nativos na vida académica.

Só que as oportunidades ou se apanham na hora certa ou estão para sempre perdidas…

segunda-feira, 30 de agosto de 2010



A formiga no carreiro
Vinha em sentido contrário
Caiu ao Tejo
Ao pé de dum septuagenário
Larpou trepou ás tábuas
Que flutuavam nas águas
E de cima de uma delas
Virou-se para o formigueiro
Mudem de rumo
Já lá vem outro carreiro

Era este o Portugal pequenino cantado por Zeca Afonso.

Os homens do “canto livre” usavam palavras com duplo sentido para fazerem passar a mensagem.
O canto era uma forma de luta.
Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire, José Jorge Letria, Vitorino, José Barata Moura e muitos outros estavam proibidos de tocar em público. A rádio não passava os seus discos, não podiam ir á televisão, nem dar entrevistas.

Veio a revolução e muitos foram votados a um novo e diferente ostracismo.
Muitos deixaram de cantar.

Há sempre alguém que resiste
Há sempre alguém que diz não

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Nos anos 60 Paris era a capital dos refugiados portugueses.
Perseguidos, com problemas com a PIDE, fugidos á Guerra Colonial, desertores do exército.
A maioria são homens jovens.


Chegavam até lá a salto, clandestinamente, sem documentos.
O boom da construção em França, absorveu essa grande massa de gente fugida de Portugal. Faziam os trabalhos menores.
O governo francês concedia guias de 6 meses até se arranjar trabalho estável. Depois entravam para as fábricas.


Após 1968, o fluxo aumentou de intensidade.
Nasceram os "Bidomvilles", os bairros de lata. 
Mário Soares foi um desses refugiados, a leccionar na Universidade de Vincennes. Personalidades francesas davam apoio á causa portuguesa, como Satre.


A 27 de Abril de 1974, 2 comunidades estranhas entre si encontram-se em Paris. Os políticos e os estudantes eufóricos, e os trabalhadores e camponeses desconfiados.
Os políticos estavam de partida. Ocupou-se o Consulado de Portugal, fazendo-se passaportes.
Um homem sai de um carro preto, de cabelos brancos. Álvaro Cunhal vai falar directamente com o cônsul. Até os camaradas tinham prioridade sobre o povo.


Todos voltam de comboio para Lisboa. Nos dias seguintes os comboios iam apinhados com gente para Portugal. Exilados e estrangeiros curiosos.
Franco treme, encurralado entre a França de esquerda e um Portugal revolucionário.
Só os guardas fronteiriços ainda não tinham sido "reciclados".

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A ditadura na Tugólândia nasceu a 28 de Maio de 1926, para por um “fim” aos “excessos” da Republica. E era apoiada por grande parte da população.

Mas logo que virou uma ditadura fascista de direita, até o próprio Óscar Carmona, mentor de tal, se virou contra ela.

Em Fevereiro de 1927 eclode a primeira tentativa de derrube, em Lisboa e no Porto. Participaram militares e civis. Durante uma semana viveu-se uma guerra civil.

Em 20 de Julho de 1928, em Lisboa e Setúbal eclodiu outra, que levou muitos ás cadeias do regime.

Em 1931 uma revolta tem lugar nos Açores, Madeira e Guiné, sob o comando de oficiais, que ai se encontravam deportados.

1933 é o ano em que Salazar ocupa a Presidência vitalícia do Conselho de Ministros dando início ao Estado Novo, e consolidando a ditadura.
Na Marinha Grande eclode um movimento grevista, abafado por violentas cargas militares.

Dia 4 de Julho de 1937, 10 da manhã.
Salazar, como bom católico, ia ouvir a missa em casa de Josué Trocado, quando se ouviu um forte estrondo. Era um atentado contra o chefe do governo.
Um grupo de anarquistas colocou uma bomba num colector da Avenida Barbosa Du Bocage, activada á distância.
Salazar apenas ficou coberto de poeira.
Foi a última grande tentativa para acabar com o regime de forma violenta.

A Segunda Guerra veio acalmar as hostes.
Mas com o fim da guerra e a vitória dos aliados, trouxe novas esperanças. Duas conspirações militares ocorreram em 1945 e 1946.

Depois vieram as crises geradas pelas eleições de 1949, com a candidatura de Norton de Matos, e as de 1958, com Humberto Delgado.

Mas a década de 60 foi ainda mais complicada e repressiva.
Começa a Guerra em 1961, em Angola, e é tomada Goa pelas tropas indianas. Botelho Moniz tenta derrubar Salazar mas falha.
A captura do paquete Santa Maria corre mundo.

A 1 de Janeiro de 1962, rebenta a rebelião militar de Beja, sob o comando do capitão Varela Gomes, morrendo o sub-secretário do estado do exército, Jaime da Fonseca, entre outros.
Os estudantes da Universidade de Lisboa começam as suas contestações. Marcelo Caetano toma posse a 27 de Setembro de 1968, após a famosa “queda” de Salazar.
Salazar governou até 1968 com a ideia de que Portugal era uma família pobre, que se governava com os seus próprios meios e não deveria ter muitas ambições, contentando-se com a pobreza.
A farsa eleitoral de 1969 deixou quase tudo na mesma.

A 16 de Maio de 1974 o regime sofre um abalo com o movimento das Caldas da Rainha.
Mas a 25 de Abril, tudo mudou…

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Na Tugólândia, ao contrário do que disse em tempos o famoso Jorge Tuga Caceteiro Coelho, a culpa morre sempre solteira.

Quando é para ganhar, ganhamos todos, sejam os políticos que nos querem enganar, sejam os adeptos de futebol, quando ganham, ganham todos. Mesmo que não tenham feito corno para isso, ou até mesmo criticado. Quando é para ganhar está lá o Tuga caído. Aliás o Tuga nunca perde, só ganha, porque se perder a culpa é de alguém, menos dele.

O acidente na A25 ontem já tem um culpado.
O nevoeiro.
Processa-se o nevoeiro, leva-se a tribunal e depois arquiva-se o caso por falta de comparência, pois o nevoeiro não aparece onde e quando queremos, já o fumo é diferente…
A culpa nem foi dos condutores que não adequaram a sua condução ás condições climatéricas, não reduziram a velocidade, não guardaram a distância mínima em relação ao veículo da frente, não. Aliás aquele veículo que voou sobre os outros e foi embater contra o camião em sentido contrário, ia de certeza a uma velocidade baixinha.

O mesmo aconteceu com os que morreram em Espanha, a culpa é da estrada, não foi do condutor que esteve na Festa do Imigrante até às 4 da manhã, a beber só suminho, e pegou no veiculo rumo a Espanha, sem dormir, sem descansar.
O outro veículo belga é que não devia estar ali…

Também a culpa da tragédia em Porto Santo foi da Palmeira, que tinha a raiz podre.
A culpa não foi das autoridades de Porto Santo, que sabiam que a árvore estava em risco de queda, já tinha uma inclinação bem acentuada.
Agora abre-se um inquérito, para safar o Governo Regional e o Presidente da Câmara, culpa-se um “raia miúda” ou ninguém, e leva-se a palmeira a tribunal. Que até já foi retirada, agora, depois de cair e matar 1 pessoa…

Hoje de manhã foi lindo ver o inenarrável ministro Rui Tuga Pereira a dizer que foi ao local do acidente da A25, para ver se tudo estava “ a correr bem”.
A CORRER BEM? Morreram 6 pessoas, arderam mais de uma dezena de carros, existem 72 feridos, 48 em estado grave, e o senhor acha que correu tudo bem?

PS: Hoje de manhã na estação do Pragal, chamei a atenção de um Tuga que estava a fumar em local proibido.
Ele disse-me que sabia que ali era proibido, e que não tinha que me aturar, já não bastava ter que ir para o trabalho.
Ora meus senhores. E ainda se admiram das coisas que acontecem…

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Se atirar tudo para o lado, penso que nada está sobre mim!

O povo alentejano (sim, O Alentejo é uma raça diferente), não é estúpido e preguiçoso, como se quis (e quer) fazer crer.

O cantar alentejano é uma arma que os alentejanos têm para atacar quem profere tais alarvidades. Quem o conhecer, conhece o Alentejo e a sua história e cultura.
E não esqueçamos que antigamente, tudo era feito por gente simples, na maioria analfabetos.

O Alentejo e o seu povo, virtudes e potencialidades é cantado pelos próprios. Por isso não devem deixar morrer tal expressão popular. E isto é cultura senhores que adoram o CCB…

Muitos o cantaram (Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Janita Salomé, Vitorino…), esta terra como nenhuma outra.

Ó Alentejo dos pobres
Reino de desolação
Não sirvas quem te despreza
É tua, tua a nação.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Antes do 25 de Abril, a GNR era temida em toda a parte.
Mas mais no Alentejo.
E eles mereciam a sua reputação.

A partir das 22 horas não se consentia mais barulho da rua, senão os das suas botas, mesmo naquelas noites de intenso calor alentejano.
Os latifundiários eram protegidos, o povo era maltratado.

Havia militares da GNR que exigiam que os homens tirassem o chapéu à sua passagem. Um acto de provocação para quem morria com o chapéu na cabeça.
Os abusos eram constantes, a impunidade absoluta. Abundavam os espancamentos e as prisões. E por vezes as mortes.

Em Abril de 1962, em Aljustrel 2 mineiros foram abatidos, António Adanjo e Francisco Madeira.
Em 19 de Maio de 1954, em Baleizão, Catarina Eufémia, uma simples camponesa de 26 anos, foi morta com 2 tiros de metralhadora, pelo tenente da GNR Carrajola. Levava ao colo o filho de 8 meses. O tenente foi a tribunal e absolvido.

O trabalho era de sol a sol, quais 8 horas por dia…
Os senhores proprietários exibiam, tal como hoje, sinais exteriores de riqueza ostensivamente, e exercícios de caridade.
Só na altura das ceifas se tinha dinheiro para pagar as dívidas da mercearia, vestir e calçar a família. As sementeiras e as mondas não davam para tanto. Contratos de trabalho, visto-lhos…

Destinou-se que o Alentejo seria "o celeiro da nação", condenando o desenvolvimento da região. Sem industria. Um desastre. Com a mecanização da agricultura, foi o desastre.
Nos dias de chuva não se trabalhava e não se recebia.

 Não se vivia, vegetava-se...

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A Tugólândia continua no seu melhor


Ontem o secretário de estado do trabalho, Valter Tuga Lemos, veio à TV Tuga todo "contentinho da silva", a dizer que as medidas do governo Tuga estavam a dar resultados em relação ao desemprego. 
Pensei eu na minha ingenuidade que ele vinha dar a boa nova, de que finalmente a taxa de desemprego estava a baixar.
Mas não, ele estava contente por a taxa de desemprego se manter nos 10,6%. Ou seja manter-se há 6 meses neste valor...
O que é um desrespeito por todos aqueles que estão desempregados. Isto só prova que existem cada vez mais desempregados de longa duração, aqueles a quem o governo retirou os subsídios, ajudas e incentivos, e a quem o Paulo Tuga Portas e os seu acólitos marialvas querem tirar o Rendimento Social de Inserção.


O Ministro da Administração Interna, o inenarrável Rui Tuga Pereira continua com os disparates acerca dos incêndios. 
Confrontado com os números dos valores da área ardida serem superiores em duas semanas, aos valores dos 2 anos anteriores, responde que o valor é inferior em 1/5 ao de 2003 e 1/3 ao de 2005.
Ou seja, se o meu pai não tivesse morrido ainda hoje era vivo.
Temos de atá dar graças a Deus não ter ardido mais, mas as festas ainda vão no adro, ainda á esperança de batermos o record de 2003. E nisto de recordes somos barras, lembram-se da feijoada Tuga na Ponte Vasco da Gama?
Ou seja com mais prevenção e tecnologia, meios e homens, não se evolui desde 2005 para cá, em 5 anos não se fez o trabalho de casa e a prevenção necessária.
É como o facto de haver menos mortes na estrada e menos acidentes. Pudera com a crise existem menos pessoas a viajar de carro, e com o preço da gasolina ao capricho das gasolineiras, não há-de haver menos acidentes, e já agora vamos cobrar mais portagens, e parqueamentos...
E depois é gozar com aqueles que perderam o sustento, já para não falar da dor dos que perderam os familiares a combater os fogos, e dos pobres animais carbonizados.


Para terminar o episódio "Ogiva de Guerra Sagres, artilhada com armas nucleares" que foi proibida de atracar em Macau, mas permitida em Xangai, que por acaso é o sitio que acolhe a Exposição Universal de 2010.
Ou seja Macau não pertence á China, mesmo país, politicas diferentes. Na China, alguém acredita?
Depois as desculpas são de todo patéticas. Que o navio é um barco de guerra. 
Sim claro o que eu mais gosto no Sagres é das suas ogivas nucleares, colocadas estratégicamente nos seus mastros.
Para alindar mais a situação o embaixador de Portugal em Pequim, vem dizer que não foi autorizada a atracar em Macau por "questões técnicas". Se calhar devia ir disfarçado de Junco.
A China teme o Sagres, mas apoia a Coreia do Norte. Ok, afinal somos mais perigosos que Pyongyang.
Deve ser por isso que vem cá o Obama Man em Novembro.
Mas meus amigos a China é a segunda potência económica mundial, e todos sabemos como o José Tuga Sócrates se baba parente uma potência destas. Que é que lhe falta...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Uma das figuras mais patéticas do antigo regime era Américo Tomás, o presidente da Republica.


Os seus discursos de improviso, pareceriam redacções escolares de uma criança com atraso mental, que fazia o deleite de quem o ouvia e ria, á socapa.
Tal eram os disparates que a própria censura, aquando da sua transcrição para papel, os censurava e rescrevia, e mesmo assim eram hilariantes.


Teve outro companheiro de asneirada, o Governador Civil de Lisboa, Afonso Marchueta, que se desdobrava em inaugurações e discursos e disparates pela boca fora.


Ainda hoje eles andam ai, alegremente...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Porque razão durou tanto a ditadura na Tugólândia?
Por medo.
E o medo priva o homem de rir...


Assim Salazar conseguiu que poucos portugueses tivessem vontade de rir, apesar da Tugólândia ser uma anedota. E o nosso ditador nada ficou a dever aos outros em matéria de ridículo.
A começar pelas famosas botas, que ele calçou até ao fim da vida, fosse Inverno ou Verão.
O cúmulo do ridículo era a imposição de indumentarias, até nos fatos de banho. Para "salvaguardar a decência e as concepções morais  e mesmo estéticas dos povos civilizados". Para assegurar esse "mínimo de decência" os figurinos de fatos de banho permitidos, eram afixados em editais pelas capitanias nas praias. De mulheres e homens.
Se não fosse cumprido dava multa e prisão.


O Estoril dos refugiados estrangeiros e dos diplomatas e ricos era e excepção.
Nos anos 60, uma senhora foi presa e julgada por usar minisaia. Em Luanda...
No Porto um proprietário expulsou uma senhora do seu café na baixa, por ela se ter sentado à mesa sozinha e ter acendido um cigarro.
Dois jovens são julgados por se beijarem na via pública em plena primavera.


O mesmo regime do caso Ballet Rose, em 1966, em que esteve envolvido o Ministro da Justiça, Antunes Varela, e que esteve na origem da deportação de Mário Soares para São Tomé, por o ter denunciado à imprensa.
A maioria dos envolvidos foi absolvida por não terem percebido que as meninas de 9 e 10 anos eram menores...
Um erro comum.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O Jornal Avante era o mais importante da clandestinidade, mas nunca deixou de ser feito e entregue aos camaradas.


A estrutura estava bem montada.
Quem fazia o jornal era desconhecido de quem o imprimia, por razões de segurança.
As tipografias usadas ficavam em salas de casas particulares, primeiro na província, mas depois nas cidades, pelo anonimato. 
Quase sempre um casal. 
Estava preparada para em poucos minutos se tornar numa sala de estar ou de jantar.
A relação com os vizinhos era cordial, mas sem ser de intimidade.


Em Abril de 1974 é publicado o último Avante clandestino, o nº 464.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Tugólândia, Outubro de 1972.


Os estudantes da Faculdade de Economia desconfiam da presença da PIDE.
Levam-no para o anfiteatro e interrogam-no. Dois agentes da polícia aparecem para o levar.
Os estudantes protestam e um dos agentes mata um aluno de direito, Ribeiro dos Santos.
A notícia espalha-se e todas iniciam uma greve.
Durante o funeral a policia carrega sobre os estudantes, tentando impedir que estes levem o caixão da Igreja de Santos-O-Velho até ao cemitério dos Prazeres.
Os estudantes respondem com a distribuição de panfletos, concentrações de protesto em pontos nevrálgicos da cidade em hora de ponta. Os sindicatos juntam-se-lhes.

A polícia não gosta e contra-ataca.
A lei sindical é alterada, inicia-se a caça ao homem, são proibidas as reuniões sindicais.
Nos últimos anos do regime, o movimento estudantil intensificou a sua acção contra a Guerra Colonial.


11 de Outubro de 1973.
2 carros partem de Lisboa para Fátima.
No dia 12 de Outubro Fátima acorda pintada de vermelho com as palavras "Não vamos para a guerra" e "abaixo a guerra colonial", os peregrinos chegam e espantam-se...
As associações estudantis são assaltadas e encerradas pela PIDE, apenas a de medicina, por funcionar num hospital, foi poupada. As outras mudam-se para lá.


Sales Luís director do IST coloca máquinas de filmar no edifício e põe a polícia de choque na entrada, dando ordem de prisão a muitos estudantes.
Os estudantes revoltam-se e tomam o reitor refém em protesto. Vão para o telhado e destroem as câmaras.
Durante algum tempo permanecem "desaparecidos".


No dia 26 de Abril de 1974, os estudantes invadem o Conselho Escolar e expulsam Sales Luís.
Os estudantes fazem alas e Sales Luís sai do Técnico a ser insultado e cuspido.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Eu não queria falar disto, juro que não queria.
Mas tenho de falar nos incêndios da Tugólândia…

Todos os verões é sempre o mesmo drama, uns mais do que outros, e este é especialmente complicado, por ter sido uma primavera muito chuvosa, e por isso a vegetação ter crescido em quantidade superior ao normal.

Claro que se fizeram alertas sobre isto na altura, mas como sempre o Tuga andava distraído com o futebol, com as novelas e com os inenarráveis programas da televisão Tuga, misturados com as tricas politicas e da justiça.

E claro chegando a esta altura, anda tudo de mãos na cabeça a gritar que a culpa é de todos, mas nunca deles, e mais uma vez vai-se fazer “o costume”, que é remendar depois de tudo ter ardido até vir mais um amo complicado, e ver-se novamente que nada foi feito, ou que o que foi de nada serviu.

E quem são os responsáveis?
Todos agem como se não soubessem quem são, e fazem aquele ar admirado e espantado, como se fosse todos os anos uma novidade este panorama de terra queimada e gente desgraçada, a começar pelos bravos bombeiros portugueses, que este ano já 3 deram a vida por nós, e que merecem todo o nosso respeito, pois eles são verdadeiros heróis, não os Cristiano Ronaldos da vida.

Eu sei bem quem são, e eles também sabem.
São aqueles que lucram com os incêndios, desde os madeireiros até às empresas de construção e as que alugam os aviões para o combate (cujos contratos são verdadeiras fortunas, pagas por todos nós), e são os Tugas, aqueles que não limpam o mato que lhes pertence, pois só pensa no lucro fácil que os eucaliptos lhe dão, os fumadores que atiram os cigarros para todo o lado, os que fazem piqueniques com churrascadas em plena floresta, os que fazem as queimadas em plena canícula, os que teimam em lançar foguetes nas festas do povinho em vez de comerem feijoadas e fazerem eles os puns, e acima de todos os nossos governantes e as suas leis de merda.

È um triste espectáculo ver o ministro da Administração Interna, Rui Tuga Pereira, atarantado a fazer aquela figura de corpo presente, com ar de velório, a dizer que esteve ás 2 da manhã numa frente. A fazer o quê? A ajudar os bombeiros a combater os incêndios?
Não a dizer baboseiras ditadas por aquelas iminências pardas que estão sempre por detrás dele a sussurrar dados que ele não sabe, nem nunca se interessou em saber.
A avaliar por aquela cara, ele nem da mangueira dele deve ter serviço…

A todos os bombeiros o meu obrigado e o meu maior respeito e admiração, pois eles são os verdadeiros portugueses, de quem eu me orgulho e de quem todos os portugueses se devem sentir agradecidos.

E já agora Sr. Paulo Tuga Portas que tem andado tão caladinho com isto dos incêndios. Que tal mandar o Tridente para apagar os fogos?

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Antes do 25 de Abril as pessoas eram veladas na sala de estar.


As senhoras não conduziam e nem podiam entrar nos cafés sem ser na companhia dos maridos.
A missa era em Latim, não podiam assistir quem tivesse mangas curtas, mulheres com cabelos à vista, e quem não usasse meias.
O chapéu mole, de feltro, compunha a austeridade do figurino. Salazar usava-o.
O luto era feito com uma fita preta usada no braço. As viúvas usavam preto para o resto da vida.


Pelas ruas usavam-se sais compridas, uns dedos abaixo dos joelhos. O bikini caiu quem nem uma bomba, abalou os puritanos.


As mães andavam de luto pelos filhos mortos em África, outras tinham os homens "a salto", em França, Na Alemanha, na Suíça...


Tudo era cinzento, ao contrário do nosso sol, que sempre brilhou.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Na Tugólândia as histórias de guerra eram proibidas pela ditadura, silenciava-as.


Hoje ninguém se interessa por elas, a verdade ainda parece incómoda. Tudo o que se escreveu, fotografou e filmou, dependia da revisão da censura militar.
Os outros eram todos terroristas e bandidos. As derrotas eram retiradas estratégicas, as posições conquistadas grandes e gloriosas vitórias.


As imagens nunca foram vistas, nem no programa do Joaquim Furtado "A Guerra".
Ninguém sabia das chacinas, das aldeias passadas a pente fino e depois queimadas, dos jovens negros interrogados e torturados pela PIDE, gente branca e negra esventrada e despedaçada, corpos mutilados e cabeças espetadas num pau, aso bebés de guerra, aos actos de amor e camaradagem, das angustias do regresso. E o medo...


18 000 kms de película desapareceu dos arquivos da RTP. O que lhes aconteceu ninguém sabe, e a RTP sempre foi evasiva na resposta a este facto.
O documentário da RAI sobre a guerra correu mundo, em 1962.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Nas esquadras da policia, no Aljube, nos calabouços do Governo Civil, no Tarrafal, em Peniche, na Rua António Maria Cardoso, no Limoeiro, e, Caxias.
Houve mais de 30 000 presos políticos na Tugólândia entre 28 de Maio de 1926 e 25 de Abril de 1974.
O número de mortos situaram-se perto dos 1 000.


Os níveis de repressão e violência não ficaram atrás das outras ditaduras.
Foram principalmente comunistas, sindicalistas e antifascistas (apelidados de anarquistas). Recusavam a aceitação passiva da eliminação dos partidos, da liberdade, da supressão dos direitos humanos.


Era a época das prisões, da censura, da policia politica, dos tribunais plenários, das salas de tortura, da exploração dos analfabetos, da violência, das arbitrariedades, dos abusos de poder.
Alguns ainda hoje se mantêm...


O Tarrafal eram cerca de 3 hectares cercados por arame farpado: morreram lá 32 antifascistas.
A "frigideira" era um cubo de cimento de reduzidas dimensões com uma porta de ferro com 5 buracos do tamanho do dedo mindinho ao nível do solo, e uma abertura por cima da porta (quase sempre fechada). 
Ai eram metidos os presos descalços apenas com um casaco. A comida era escassa e intragável, a água inquinada e muitos mosquitos.
Tudo isto com torturas e trabalho numa pedreira. Se caiam eram levantados á porrada...


Bento Gonçalves, o 1º Secretário Geral do PCP morreu devido a estas circunstâncias, a 11 de Setembro de 1942.


Mas houve quem conseguisse fugir.
Em Janeiro de 1960 ocorre a famosa fuga de Peniche, incluindo Álvaro Cunhal, ou a fuga com o Mercedes blindado que Hitler ofereceu a Salazar.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Salazar bem podia dizer que os soldados deviam ir para a guerra, para dar o seu sangue pela pátria, e que as mães desses soldados deviam ter orgulho em "oferecê-los" á pátria.
Ele nunca teve filhos.


No cais de partida para os embarques, as mulheres choravam e lamentavam a partida dos soldados eram presas pela PIDE. Os prantos na hora do embarque das tropas eram inconcebíveis.
Havia agentes no meio das pessoas para saber o que se comentava.


E foram 14 anos de guerra colonial..., numa média de 100 000 por ano.
O regime não admitia que era uma guerra de rebelião, de independência. A população era portuguesa, por isso fiel.
Muitos deram " o salto" para fugir a tal destino.


Os mortos eram despachados para as suas terras de origem discretamente, mais de 10 000...


As imagens de Natal eram sempre de soldados com sorrisos a dizerem que esperavam " ver-vos em breve" e "até ao meu regresso". 
Soavam sempre a falso...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Antes do 25 de Abril na Tugólândia havia duas tragédias que marcavam o futuro de uma criança: nascer mulher, e com poucos recursos.
Não é que o Estado Novo não gostasse de mulheres, desde que estivessem " no seu lugar".
Em 1928 começa a separação dos alunos por sexos na escola primária.
O papel da mulher era o de mãe, esposa e filha, e não havia pior do que nascer mulher e pobre.
Decerto-lei nº 20 014 de 1932: "Quanto mais fácil for a obediência, mas suave é o mando".


Em 1960 dos 3 315 600 trabalhadores, 31% não sabem ler, 27% não frequentaram a escola, 41% possuem um curso, 5% concluíram o ensino secundário.
A percentagem de analfabetos é de 39%.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Em 1965 na Tugólândia existia um movimento chamado MNF (Movimento Nacional Feminino)m que fazia exposições sobre "modas femininas que dignificam a mulher".


Dirigido pela "famosa Cilinha", denunciava as "manobras comunistas", criticavam as "carpideiras" (mães que se despediam dos seus filhos , que iam nos barcos para a guerra), e os "indivíduos de negro" que davam falsas noticias de mortes de militares.
É condecorada em 1967 com a medalha de prata do Mérito Feminino.


Eram senhoras com o cabelo armado (não com armas de guerra), de idade avançada, muito "tias", que davam "coisinhas" aos soldados.
Embora houvesse gente com bons sentimentos, era tudo uma fantochada, uma jóia para usar na lapela.