terça-feira, 20 de dezembro de 2011

São episódios destes que rebaixam a nossa moral colectiva: na Secretaria de Estado da Cultura, foi nomeado um rapaz luso-brasileiro, de 21 anos, imediatamente no dia seguinte a ter tirado a carta de condução, COMO MOTORISTA, auferindo de salário-base 1.610,01€ - isto com tantos motoristas do extinto Ministério da Cultura e de outros organismos públicos na situação de mobilidade - parece que as aptidões especiais do tal rapaz foram vivamente recomendados por um membro do Gabinete da mais estrita confiança pessoal do Ministro dos Negócios Estrangeiros... Ao que parece o rapaz tem muito boas referências especialmente testadas um determinado ginásio com massagens.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011


Tanto faz ser da direita ou da esquerda... eles estão em todas....

Isto é que é um País !!!!
Qualquer desgraçado que deva ao fisco meia dúzia de cêntimos, bloqueiam-lhe logo a conta bancária, e até lhe confiscam o miserável do ordenado. Para esta "gente" não se faz nada !!! ????? Até na prisão onde ele está agora, tem tratamento de VIP, os outros presos, tem tratamento que merecem, porque são delinquentes.!!!!!
E é este artista que tinha um blogue com passagens biblicas para debate ... !!!

Desde os anos 80 que Duarte Lima está envolto em negócios e em contradições.Enriqueceu rapidamente e, apesar dos rendimentos inexplicados e de aparentes esquemas para esconder o património, nunca foi acusado pela Justiça
BOLSA
Esta é a versão de Duarte Lima para ter começado a enriquecer: em 1987 apostou 20 mil contos (€100 mil) na Bolsa de Lisboa. Em dois anos..., terá tido 80 mil contos de lucro líquido, aproveitando a euforia dos mercados.
VIA VENETTO
Nesse ano, o advogado compra um andar de luxo no edifício Via Venetto, situado na avenida João XXI, em Lisboa (antes vivia num modesto andar em Linda-a-Velha, que venderia por 8 mil contos em 1989). Com uma área de 300m2. Lima disse que o comprou por 36 mil contos. O construtor afirmou que foi por 50 mil contos. Nunca se soube ao certo o valor real. O advogado não celebrou o contrato de compra e venda e, aproveitando um buraco na lei, também não pagou o imposto de sisa. O Via Venetto é do construtor José Cristóvão, que se recusou a falar ao Expresso.
DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS
Na declaração de rendimentos entregue ao Tribunal Constitucional (TC) em 1991, mantém como património o apartamento de Linda-a-Velha (que já tinha sido vendido) e uma moradia em Miranda do Douro, que tinha comprado para a mãe em 1978. Esqueceu-se do Via Venetto.
EDIFÍCIO VALMOR
Em 1993, mudou-se para um edifício a poucos metros, do mesmo construtor. Os dois apartamentos do 11º andar no Edifício Valmor foram geminados e têm 600m2, com um valor que na altura rondaria os 230 mil contos. Duarte Lima declarou 45 mil contos na escritura e só por um dos apartamentos. O outro andar ficou em nome da mãe do seu adjunto no Parlamento e sócio no escritório de advogados, Vítor Fonseca. Apesar de o piso inteiro ter sido desenhado de origem para ser um único apartamento. Em sua defesa, Lima alegou que tinha um contrato de aluguer de 200 contos por mês com Emília Fonseca.
QUINTA DE NAFARROS
Entre 1993 e 1994, Lima comprou seis terrenos em Nafarros, Sintra, juntando-os numa única propriedade de três hectares. As escrituras foram feitas em nome de Alda Lima de Deus, uma sobrinha (que também não falou ao Expresso) sem rendimentos. As escrituras referiam 31 mil contos, mas, segundo uma investigação do jornal “O Independente”, na altura terão sido gastos 141.500 contos com as compras. Quer Alda quer os vendedores tinham como procurador Vítor Fonseca, o homem de confiança do advogado. O arquiteto que desenhou os muros da quinta admitiu que foi Lima quem o contratou. O então deputado argumentou que a sobrinha representava um empresário do norte, que também não quis falar com o Expresso.
CRÉDITO E BMW
Na sequência do escândalo de Nafarros, deixa a liderança da bancada laranja, sendo substituído por Pacheco Pereira. O novo líder parlamentar mandou suspender um cartão de crédito do PSD que Lima usava e que não tinha limite de gastos e mostrou o desagrado pelo facto de ter devolvido tardiamente o BMW de serviço. O advogado só terá conseguido justificar um terço dos gastos feitos com o cartão.
DÍVIDA AO FISCO
Ao jornal “O Independente”, Duarte Lima disse que o seu património e os seus rendimentos foram objeto de inspecção pelas Finanças e que nenhuma irregularidade tinha sido encontrada. O jornal desmentiu-o, com a confirmação do diretor-geral dos Impostos, de que estava em andamento uma execução fiscal contra o advogado por uma dívida de 800 contos de IVA.
CEM CONTAS
No decurso da investigação aos negócios imobiliários (que viria a ser arquivada), a PJ descobriu, em 1997, que o advogado tinha cem contas bancárias, em Portugal e no estrangeiro. Lima tinha dito às autoridades que só possuía meia dúzia. Foi apurado que, entre 1986 e 1994, recebeu um milhão de contos em depósitos (750 mil em dinheiro), valor muito superior ao declarado às finanças (entre 1987 e 1995 declarou 180 mil contos). Na altura, justificou ao Expresso: “Os depósitos nas contas não significam que sejam sempre rendimentos tributáveis”.
QUINTA DO LAGO
Entre 2002 e 2003, construiu uma mansão na Quinta do Lago, que registou em nome de uma offshore com o valor de €5,8 milhões. Essa casa está agora à venda por €10 milhões.
BPN
Desde 2002 tem vindo a contrair empréstimos no BPN, mantendo uma relação próxima com o banqueiro Oliveira Costa. Deve €5,8 milhões ao banco, estando sob investigação do MP, por suspeita de fraude e burla.
DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS II
Na sua condição de deputado, não incluiu a casa da Quinta do Lago e os créditos no BPN nas declarações de rendimentos entregues em 2002, 2005 e 2009. Já em 2011, depois de publicamente conhecido o montante do empréstimo ao banco, Lima corrigiu a declaração alegando que tinha sido um lapso.

José Carlos Igreja

terça-feira, 13 de dezembro de 2011


Das coisas tristes que o mundo tem, são os homens sem pé no seu tempo. Os desgraçados que aparecem assim, cedo de mais ou tarde de mais, lembram-me na vida terras de ninguém, onde não há paz possível.
A cada época corresponde um certo tipo humano. A Idade Média tinha como valores Aristóteles e os doutores da Igreja
Neste trágico século vinte, sem qualquer sério conteúdo ideológico, sem nenhuma espécie de grandeza fora do visceral, que serenidade interior poderá ter alguém alicerçado em valores religiosos, estéticos, morais, ou outros? Nenhuma. Entre o abismo da sua impossibilidade natural de deixar de ser o que é. Todos se devem lembrar de Romain Rolland a erguer a voz impotente contra a guerra de 14. Sabemos o que valeu o seu grito. Foi só o tempo de disparar o primeiro canhão. O protesto, como um gemido inútil, ficou à retaguarda, abafado pelo estrépito dos que passavam. É a eterna e triste lei das realidades. Tão eterna e tão triste, que até passando do individual para o colectivo ela é verdadeira.

Veja-se o caso em relação a dois continentes, a Europa e a América, por exemplo.
Teima a Europa, culta, velha, experiente, mas anacrónica, em que a vida dos povos é sobretudo história. Que, por isso, o facho da autêntica civilização é seu, e só na sua posse deve caminhar. Tudo verdades como punhos. Mas o certo é que o facho lhe está dia-a-dia a morrer nas mãos e a passar para as mãos selvagens dos seus colonos. Com a mesma luminosidade? Evidentemente que não, mas que importa ? A vida não se move por acções lógicas. Move-se por imponderáveis, e sobretudo pela força dos factores. O homem que o nosso século pede não é o que lê, o que se aprofunda a cavar em si. É um ser biológico perfeito, no sentido corpóreo e psíquico duma abelha. A natureza dos favos é variável, claro está, conforme as necessidades de cada hora. Há pouco tempo ainda era um simples e inofensivo automóvel; neste momento o casulo é um tanque ou um avião. Por isso, a que propósito seria qualquer céptico em matéria de parafusos um representante actual da nossa civilização? Ver uma Grécia escrava de Roma é tão natural como ver um Unamuno perdido na Espanha de 36.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Carta da Marisa Moura à Administração da Carris


Exmos. Senhores ,

José Manuel Silva Rodrigues, Fernando Jorge Moreira da Silva, Maria Isabel Antunes, Joaquim José Zeferino e Maria Adelina Rocha,

Chamo-me Marisa Sofia Duarte Moura e sou a contribuinte nº 215860101 da República Portuguesa. Venho por este meio colocar-vos, a cada um de vós, algumas perguntas:
Sabia que o aumento do seu vencimento e dos seus colegas, num total extra de 32 mil euros, fixado pela comissão de vencimentos numa altura em que a empresa apresenta prejuízos de 42,3 milhões e um buraco de 776,6 milhões de euros, representa um crime previsto na lei sob a figura de gestão danosa?
Terá o senhor(a) a mínima noção de que há mais de 600 mil pessoas desempregadas em Portugal neste momento por causa de gente como o senhor(a) que, sem qualquer moral, se pavoneia num dos automóveis de luxo que neste momento custam 4.500 euros por mês a todos os contribuintes?
A dívida do País está acima dos 150 mil milhões de euros, o que significa que eu estou endividada em 15 mil euros. Paguei em impostos no ano passado 10 mil euros. Não chega nem para a minha parte da dívida colectiva. E com pessoas como o senhor(a) a esbanjar desta forma o meu dinheiro, os impostos dos contribuintes não vão chegar nunca para pagar o que realmente devem pagar: o bem-estar colectivo.
A sua cara está publicada no site da empresa. Todos os portugueses sabem, portanto, quem é. Hoje, quando parar num semáforo vermelho, conseguirá enfentar o olhar do condutor ao lado estando o senhor(a) ao volante de uma viatura paga com dinheiro que a sua empresa não tem e que é paga às custas da fome de milhares de pessoas, velhos, adultos, jovens e crianças?
Para o senhor auferir do seu vencimento, agora aumentado ilegalmente, e demais regalias, há 900 mil pessoas a trabalhar (inclusive em empresas estatais como a "sua") sem sequer terem direito a Baixa se ficarem doentes, porque trabalham a recibos verdes. Alguma vez pensou nisso? Acha genuinamente que o trabalho que desempenha tem de ser tamanhamente bem remunerado ao ponto de se sobrepôr às mais elementares necessidades de outros seres humanos?

Despeço-me sem grande consideração, mas com alguma pena da sua pessoa e com esperança que consiga reactivar alguns genes da espécie humana que terá com certeza perdido algures no decorrer da sua vida.

Marisa Moura

quarta-feira, 30 de novembro de 2011


A Revolta das Palavras - post por José António Barreiros em 2011.10.11



Isto que eu vou dizer vai parecer ridículo a muita gente.

Mas houve um tempo em que as pessoas se lembravam ainda, da época da infância, da primeira caneta de tinta permanente, da primeira bicicleta, da idade adulta, das vezes em que se comia fora, do primeiro frigorífico e do primeiro televisor, do primeiro rádio, de quando tinham ido ao estrangeiro.

Houve um tempo em que, nos lares, se aproveitava para a refeição seguinte o sobejante da refeição anterior, em que, com ovos mexidos e a carne ou peixe restante se fazia "roupa velha". Tempos em que as camisas iam a mudar o colarinho e os punhos do avesso, assim como os casacos, e se tingia a roupa usada, tempos em que se punham meias solas com protectores. Tempos em que ao mudar-se de sala se apagava a luz, tempos em que se guardava o "fatinho de ver a Deus e à sua Joana".

E não era só no Portugal da mesquinhez salazarista. Na Inglaterra dos Lordes, na França dos Luíses, a regra era esta. Em 1945 passava-se fome na Europa, a guerra matara milhões e arrasara tudo quanto a selvajaria humana pode arrasar.

Houve tempos em que se produzia o que se comia e se exportava. Em que o País tinha uma frota de marinha mercante, fábricas, vinhas, searas.

Veio depois o admirável mundo novo do crédito. Os novos pais tinham como filhos, uns pivetes tiranos, exigindo malcriadamente o último modelo de mil e um gadgets e seus consumíveis, porque os filhos dos outros também tinham. Pais que se enforcavam por carrões de brutal cilindrada para os encravaram no lodo do trânsito e mostrarem que tinham aquela extensão motorizada da sua potência genital. Passou a ser tempo de gente em que era questão de pedigree viver no condomínio fechado e sobretudo dizê-lo, em que luxuosas revistas instigavam em couché os feios a serem bonitos, à conta de spas e de marcas, assim se visse a etiqueta, em que a beautiful people era o símbolo de status como a língua nos cães para a sua raça.

Foram anos em que o campo tornou-se num imenso resort de turismo de habitação, as cidades uma festa permanente, entre o coktail party e a rave. Houve quem pensasse até que um dia os serviços seriam o único emprego futuro ou com futuro.

O país que produzia o que comíamos ficou para os labregos dos pais e primos parolos, de quem os citadinos se envergonhavam, salvo quando regressavam à cidade dos fins de semana com a mala do carro atulhada do que não lhes custara a cavar e às vezes nem obrigado.

O país que produzia o que se podia transaccionar esse ficou com o operariado da ferrugem, empacotados como gado em dormitórios e que os víamos chegar, mortos de sono logo à hora de acordarem, as casas verdadeiras bombas relógio de raiva contida, descarregada nos cônjuges, nos filhos, na idiotização que a TV tornou negócio.

Sob o oásis dos edifícios em vidro, miragem de cristal, vivia o mundo subterrâneo de quantos aguentaram isto enquanto puderam, a sub-gente. Os intelectuais burgueses teorizavam, ganzados de alucinação, que o conceito de classes sociais tinha desaparecido. A teoria geral dos sistemas supunha que o real era apenas uma noção, a teoria da informação, substituía os cavalos-força da maquinaria pelos megabytes de RAM da computação universal. Um dia os computadores tudo fariam, o ser humano tornava-se um acidente no barro de um oleiro velho e tresloucado, que caído do Céu, morrera pregado a dois paus, e que julgava chamar-se Deus, confundindo-se com o seu filho e mais uma trinitária pomba.

Às tantas os da cidade começaram a notar que não havia portugueses a servir à mesa, porque estávamos a importar brasileiros, que não havia portugueses nas obras, porque estávamos a importar negros e eslavos.

A chegada das lojas dos trezentos já era alarme de que se estava a viver de pexibeque, mas a folia continuava. A essas sucedeu a vaga das lojas chinesas, porque já só havia para comprar «balato». Mas o festim prosseguia e à sexta-feira as filas de trânsito em Lisboa eram o caos e até ao dia quinze os táxis não tinham mãos a medir.

Fora disto os ricos, os muito ricos, viram chegar os novos-ricos. O ganhão alentejano viu sumir o velho latifundário absentista pelo novo turista absentista com o mesmo monte mais a piscina e seus amigos, intelectuais claro, e sempre pela reforma agrária e vai um uísque de malte, sempre ao lado do povo e já leu o New Yorker?

A agiotagem financeira essa ululava. Viviam do tempo, exploravam o tempo, do tempo que só ao tal Deus pertencia mas, esse, Nietzsche encontrara-o morto em Auschwitz. Veio o crédito ao consumo, a conta-ordenado, veio tudo quanto pudesse ser o ter sem pagar. Porque nenhum banco quer que lhe devolvam o capital mutuado quer é esticar ao máximo o lucro que esse capital rende.

Aguilhoando pela publicidade enganosa os bois que somos nós todos, os bancos instigavam à compra, ao leasing, ao renting ao seja como for desde que tenha e já, ao cartão, ao descoberto autorizado.

Tudo quanto era vedeta deu a cara, sendo actor, as pernas, sendo futebolista, ou o que vocês sabem, sendo o que vocês adivinham, para aconselhar-nos a ir àquele balcão bancário buscar dinheiro, vendermo-nos ao dinheiro, enforcarmo-nos na figueira infernal do dinheiro. Satanás ria. O Inferno começava na terra.

Claro que os da política do poder, que vivem no pau de sebo perpétuo do fazer arrear, puxando-os pelos fundilhos, quantos treparam para o poder, querem a canalha contente. E o circo do consumo, a palhaçada do crédito servia-os. Com isso comprávamos os plasmas mamutes onde eles vendiam à noite propaganda governamental, e nos intervalos, imbelicidades e telefofocadas que entre a oligofrenia e a debilidade mental a diferença é nula. E contentes, cretinamente contentinhos, os portugueses tinham como tema de conversa a telenovela da noite, o jogo de futebol do dia e da noite e os comentários políticos dos "analistas" que poupavam os nossos miolos de pensarem, pensando por nós.

Estamos nisto.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

O Silva das vacas [Demolidor!]


Algumas das reminiscências da minha escola primária têm a ver com vacas. Porque a D.ª Albertina, a professora, uma mulher escalavrada e seca, mais mirrada que uva-passa, tinha um inexplicável fascínio por vacas. Primavera e vacas. De forma que, ora mandava fazer redacções  sobre a primavera, ora se fixava na temática da vaca. A vaca era, assim, um assunto predilecto e de desenvolvimento obrigatório, o que, pela sua recorrência, se tornava insuportavelmente repetitivo.

Um dia, o Zeca da Maria "gorda", farto de escrever que a vaca era um mamífero vertebrado, quadrúpede ruminante e muito amigo do homem a quem ajudava no trabalho e a quem fornecia leite e carne, blá, blá, blá, decidiu, num verdadeiro impulso de rebelião criativa, explicar a coisa de outra forma. E, se bem me lembro ainda, escreveu mais ou menos isto:
"A vaca, tal como alguns homens, tem quatro patas, duas à frente, duas atrás, duas à direita e duas à esquerda. A vaca é um animal cercado de pêlos por todos os lados, ao contrário da península que só não é cercada por um. O rabo da vaca não lhe serve para extrair o leite, mas  para enxotar as moscas e espalhar a bosta. Na cabeça, a vaca tem dois cornos pequenos e lá dentro tem mioleira, que o meu pai diz que faz muito bem à inteligência e, por não comer mioleira, é que o padre é burro como um tamanco. Diz o meu pai e eu concordo, porque, na doutrina, me obriga a saber umas merdas de que não percebo nada como as bem-aventuranças. A vaca dá leite por fora e carne por dentro, embora agora as vacas já não façam tanta falta, porque foi descoberto o leite em pó. A vaca é um animal triste todo o ano, excepto no dia em que vai ao boi, disse-me o pai do Valdemar "pauzinho", que é dono do boi onde vão todas as vacas da freguesia. Um dia perguntei ao meu pai o que era isso da vaca ir ao boi e levei logo um estalo no focinho. O meu pai também diz que a mulher do regedor é uma vaca e eu também não entendi. Mas, escarmentado, já nem lhe perguntei se ela também ia ao boi."
Foi assim. Escusado será dizer que a D.ª Albertina, pouco dada a brincadeiras criativas, afinfou no pobre do Zeca um enxerto de porrada a sério. Mas acabou definitivamente com a vaca como tema de redacção.

Recordei-me desta história da D.ª Albertina e da vaca do Zeca da Maria "gorda", ao ler que Cavaco Silva, presidente da República desta vacaria indígena, em visita oficial ao Açores, saiu-se a certa altura com esta pérola vacum: "Ontem eu reparava no sorriso das vacas, estavam satisfeitíssimas olhando o pasto que começava a ficar verdejante"! Este homem, que se deixou rodear, no governo, pelo que viria a ser a maior corja de gatunos que Portugal politicamente produziu; este homem, inculto e ignorante, cuja cabeça é comparada metaforicamente ao sexo dos anjos; este político manhoso que sentiu necessidade de afirmar publicamente que tem de nascer duas vezes quem seja mais honesto que ele; este "cagarola" que foi humilhado por João Jardim e ficou calado; este homem que, desgraçadamente, foi eleito presidente da República de Portugal, no momento em que a miséria e a fome grassam pelo país, em que o desemprego se torna incontrolável, em que os pobres são miseravelmente espoliados a cada dia que passa, este homem, dizia, não tem mais nada para nos mostrar senão o fascínio pelo "sorriso das vacas", satisfeitíssimas olhando o pasto que começava a ficar verdejante"!
Satisfeitíssimas, as vacas?! Logo agora, em tempos de inseminação artificial, em que as desgraçadas já nem sequer dispõem da felicidade de "ir ao boi", ao menos uma vez cada ano! Noticiava há dias o Expresso que, há mais ou menos um ano e aquando de uma visita a uma exploração agrícola no âmbito do Roteiro da Juventude, Cavaco se confessou "surpreendidíssimo por ver que as vacas, umas atrás das outras, se encostavam ao robô e se sentiam deliciadas enquanto ele, durante seis ou sete minutos, realizava a ordenha"! Como se fosse possível alguma vaca poder sentir-se deliciada ao passar seis ou sete minutos com um robô a espremer-lhe as tetas!!

Não sei se o fascínio de Cavaco por vacas terá ou não uma explicação freudiana. É possível. Porque este homem deve julgar-se o capataz de uma imensa vacaria, metáfora de um país chamado Portugal, onde há meia-dúzia de "vacas sagradas", essas sim com direito a atendimento personalizado pelo "boi", enquanto as outras são inexoravelmente "ordenhadas"! Sugadas sem piedade, até que das tetas não escorra mais nada e delas não reste senão peles penduradas, mirradas e sem proveito. A este "Américo Tomás do século XXI" chamou um dia João Jardim, o "sr. Silva". Depreciativamente, conforme entendimento generalizado. Creio que não. Porque este homem deveria ser simplesmente "o Silva". O Silva das vacas. Presidente da República de Portugal. Desgraçadamente.

Luís Manuel Cunha in Jornal de Barcelos de 05 de Outubro de 2011.

sábado, 26 de novembro de 2011

Nem tudo é mau! QUE GRANDE EXEMPLO....

A Sicasal é uma empresa Portuguesa. As suas instalações fabris foram parcialmente destruídas por um enorme incêndio, pondo em causa o emprego de 150 dos seus mais de 500 trabalhadores. No meio da tragédia, a Administração veio assegurar que ninguém seria despedido e garantiu que, nem sequer haveria perdas salariais dos seus trabalhadores.
Estes disponibilizaram-se, de imediato, para trabalharem, se necessário, 24 horas seguidas para ajudarem à retoma da produção e organizaram-se em grupos de segurança e de limpezas para obviarem uma paragem demorada da laboração da fábrica.

Que dois belos exemplos!...

Assim, surgiu a ideia de adquirir produtos da Sicasal e posteriormente os entregar ao Banco Alimentar.

Não só ajudaríamos quem bem o merece, como quem bem o necessita.


Compra produtos enlatados da marca Sicasal e entrega-os no Banco Alimentar

sexta-feira, 25 de novembro de 2011


Onde estão os homens e o Portugal novo, prometido pela revolução de Abril?
Os ricos e poderosos irão ser cercados por aqueles que abandonaram, depois de os terem explorado e humilhado até ao tutano.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Tempo de minhocas e de filhos de meretriz




“O dia deu em chuvoso”, escreveu Álvaro de Campos. Num tempo soturno, melancólico, deprimente. “Tempo de solidão e de incerteza / Tempo de medo e tempo de traição / Tempo de injustiça e de vileza / Tempo de negação”, diria Sophia de Mello Breyner.
Tempo de minhocas e de filhos da puta, digo eu.

Entendendo-se a expressão como uma metáfora grosseira utilizada no sentido de maldizer alguém ou alguma coisa, acepção veiculada pelo Dicionário da Academia e assente na jurisprudência emanada dos meritíssimos juízes desembargadores do Supremo Tribunal da Justiça.
Um reino de filhos da puta é assim uma excelente metáfora de um  país chamado Portugal. Que remunera vitaliciamente uma “sinistra matilha” de ex-políticos, quando tudo ou quase tudo à nossa volta se desagrega a caminho de uma miséria colectiva irreversível.
Carlos Melancia, ex-governador de Macau, empresário da indústria hoteleira, personificou o primeiro julgamento por corrupção no pós 25 de Abril. Recebe, actualmente, 9500€ mensais;  Dias Loureiro, um “quadrilheiro” do círculo político de Cavaco, ex-gestor da SLN, detentora do BPN, embolsa vitaliciamente 1700€ cada mês;  Joaquim Ferreira do Amaral, membro actual da administração da Lusoponte com a qual negociou em nome do governo de Cavaco Silva, abicha 3000 €; Armando Vara, o amigo do sucateiro Godinho que lhe oferecia caixas de robalos e ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos, enfarda nada mais nada menos que 2000€;  Duarte Lima, outro dos “quadrilheiros” do círculo político cavaquista, acusado pela justiça brasileira do assassinato de uma senhora para lhe sacar uns milhões de euros, advogado na área de gestão de fortunas, alambaza-se mensalmente com 2200€; Zita Seabra, que transitou do PCP para o PSD com a desfaçatez oportunista dos vira-casacas, actual presidente da Administração da Alêtheia Editores, açambarca 3000€… E muitos, muitos outros, que os caracteres a que este espaço me obriga, me forçam a deixar de referir.
Quero, no entanto, relevar um deles  – Ângelo Correia, o famoso ministro do tempo da chamada “insurreição dos pregos”, actual gestor e criador de Passos Coelho que, nesta democracia de merda, chegou a primeiro-ministro “sem saber ler nem escrever”! Pois Ângelo Correia recebe 2200€ mensais de subvenção vitalícia! E valerá a pena recuperar o que disse este homem ao Correio da Manhã em 14 de Junho de 2010: “A terminologia político-sindical proclama a existência de „direitos adquiridos‟ (…) Ora, numa democracia, „adquiridos‟ são os direitos à vida, à liberdade de pensamento, acção, deslocação, escolha de profissão, organização política (…)  Continuarmos a insistir em direitos adquiridos intocáveis é condenar muitos de nós a não os termos no futuro.” Ora, perante a eventual supressão da acumulação da referida subvenção vitalícia com vencimentos privados, o mesmo Ângelo Correia disse à RTP em 24 de Outubro de 2011: “Os direitos que nós temos (os políticos subvencionados) são direitos adquiridos”! Querem melhor? Pois bem. Este é o paradigma do “filho da puta” criador.
Porque, depois, há o “filho da puta” criatura. Chama-se  Passos Coelho. Ei-lo em todo o seu esplendor, afirmando em Julho de 2010: “Nós não olhamos para as classes médias a partir dos 1000€, dizendo: aqui estão os ricos de Portugal. Que paguem a crise”. E em Agosto de 2010: “É nossa convicção não fazer mais nenhum aumento de imposto. Nem directo nem encapotado. Do nosso lado, não contem para mais impostos”. Em Março de 2011: “Já ouvi o primeiro-ministro (José Sócrates) a querer acabar com muitas coisas e até com o 13.º mês e isso é um disparate”. Ainda em Março de 2011: “O que o país precisa para superar esta crise não é de mais austeridade”. Em Junho de 2011: “Eu não quero ser o primeiro-ministro para dar emprego ao PSD. Eu não quero ser o primeiro-ministro para proteger os ricos em Portugal”. Perante isto, há que dizer que  pior que um “filho da puta”, só um “filho da puta” aldrabão.
Ora, José Sócrates era um mentiroso compulsivo. Disse-o aqui vezes sem conta. Mas fazia-o com convicção e até, reconheço, com alguma coragem. Este sacripanta de nome Coelho, não. É manhoso, sonso, cobarde. Refira-se apenas uma citação mais, proferida pelo mesmo “láparo”, em Dezembro de 2010. Disse ele: “Nós não dizemos hoje uma coisa e amanhã outra (…) Nós precisamos de valorizar mais a palavra para que, quando é proferida, possamos acreditar nela”. Querem melhor?
“O dia deu em chuvoso”, escreveu Álvaro de Campos. É o “tempo dos coniventes sem cadastro / Tempo de silêncio e de mordaça / Tempo onde o sangue não tem rasto / Tempo de ameaça”, disse Sophia. Tempo para minhocas e filhos da puta, digo eu. É o tempo do Portugal que temos.
Nota – Dada a exposição pública do jornal com esta crónica na última página, este título destina-se apenas a não ferir as sensibilidades mais puras. Ou mais púdicas.

Luís Manuel Cunha in Jornal de Barcelos de 02 de Novembro de 2011.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011


A civilização está morta, mas decidiu mostrar-nos agora como tem sido inutil a si própria, parente a cobardia dos grandes e dos pequenos, embalados todos pelo egoismo.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011


Onde estás juventude que aceitas aquilo que os velhos te querem impor?
Hoje os jovens conduzem a vida como os automóveis, com o intuito de se espetarem na proxima curva.

terça-feira, 15 de novembro de 2011


A luta de classes não existe, existe é a luta entre o povo e os que detem o poder.
A diferença é que o povo é generoso.

O resto da Europa assiste de braços cruzados a um novo ressurgimento da Alemanha, como coveiro de um continente.
E como este governo de “católicos praticantes” está a deixar o povo á fome...

Foi a falta de solidariedade que fez a Europa chegar a este estado.
Esta é a consequencia de uma politica que só vê as pessoas como produtores e consumidores, dispensadas quando não servem os interesses dos ricos, e obrigada a depender deles, e a consumir mais do que precisam.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011



Desejo um Portugal feliz, mas não o tenho.
Trabalho, espero, confio, mas o tempo passa, e cada vez fico mais desiludido. A minha pátria está cada vez mais perdida. Que posso eu fazer pela minha terra?
Nada.
Porque a minha pátria é só de alguns, a quem o povo serve pensando servir a pátria.

Depois de sofremos anos com os governos de Cavaco Silva, temos o dito na presidência, parda, como o titular. Sabemos tudo sobre a criatura, os seus tiques, manias, odios de estimação, a esperteza, a estupidez dos seus pensamentos económicos, a sua pouca veia literária.
O que me espanta é a sua negação a tudo o que fez enquanto primeiro-ministro de Portugal, durante mais de uma década.
Este Cavaco Silva parece um genérico do outro, mas bonzinho e inocente. Este agora critica o que o outro fez, o gémeo mau, tal como a novela com a Sofia Alves, o que vendeu a nossa agricultura e as nossas pescas aos poderosos da UE, em troca de betão e alcatrão, que fez auto-estradas em vez de modernizar o país.
E fala de ética politica e moral, esquecendo-se do que permitiu que os seus ministros fizessem ao erário publico, e até dos seus amigos no caso BPN.

terça-feira, 8 de novembro de 2011





Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso.
É possível, porque tudo é possível, que ele seja aquele que eu desejo para vós. Um simples mundo, onde tudo tenha apenas a dificuldade que advém de nada haver que não seja simples e natural.
Um mundo em que tudo seja permitido, conforme o vosso gosto, o vosso anseio, o vosso prazer, o vosso respeito pelos outros, o respeito dos outros por vós.
E é possível que não seja isto, nem seja sequer isto o que vos interesse para viver. Tudo é possível, ainda quando lutemos, como devemos lutar, por quanto nos pareça a liberdade e a justiça, ou mais que qualquer delas uma fiel dedicação à honra de estar vivo.

Um dia sabereis que mais que a humanidade não tem conta o número dos que pensaram assim, amaram o seu semelhante no que ele tinha de único, de insólito, de livre, de diferente, e foram sacrificados, torturados, espancados, e entregues hipocritamente à secular justiça, para que os liquidasse «com suma piedade e sem efusão de sangue.»
Por serem fiéis a um deus, a um pensamento, a uma pátria, uma esperança, ou muito apenas à fome irrespondível que lhes roía as entranhas, foram estripados, esfolados, queimados, gaseados, e os seus corpos amontoados tão anonimamente quanto haviam vivido, ou suas cinzas dispersas para que delas não restasse memória.

Às vezes, por serem de uma raça, outras por serem de uma classe, expiaram todos os erros que não tinham cometido ou não tinham consciência de haver cometido. Mas também aconteceu e acontece que não foram mortos.
Houve sempre infinitas maneiras de prevalecer, aniquilando mansamente, delicadamente, por ínvios caminhos quais se diz que são ínvios os de Deus.
Estes fuzilamentos, este heroísmo, este horror, foi uma coisa, entre mil, acontecida em Espanha há mais de um século e que por violenta e injusta ofendeu o coração de um pintor chamado Goya, que tinha um coração muito grande, cheio de fúria e de amor. Mas isto nada é, meus filhos.

Apenas um episódio, um episódio breve, nesta cadeia de que sois um elo (ou não sereis)
de ferro e de suor e sangue e algum sémen a caminho do mundo que vos sonho.
Acreditai que nenhum mundo, que nada nem ninguém vale mais que uma vida ou a alegria de tê-la.
É isto o que mais importa - essa alegria.
Acreditai que a dignidade em que hão-de falar-vos tanto não é senão essa alegria que vem de estar-se vivo e sabendo que nenhuma vez alguém está menos vivo ou sofre ou morre para que um só de vós resista um pouco mais à morte que é de todos e virá.
Que tudo isto sabereis serenamente, sem culpas a ninguém, sem terror, sem ambição,
e sobretudo sem desapego ou indiferença, ardentemente espero. Tanto sangue, tanta dor, tanta angústia, um dia - mesmo que o tédio de um mundo feliz vos persiga - não hão-de ser em vão.

Confesso que muitas vezes, pensando no horror de tantos séculos de opressão e crueldade, hesito por momentos e uma amargura me submerge inconsolável.
Serão ou não em vão? Mas, mesmo que o não sejam, quem ressuscita esses milhões, quem restitui não só a vida, mas tudo o que lhes foi tirado?
Nenhum Juízo Final, meus filhos, pode dar-lhes aquele instante que não viveram, aquele objecto que não fruíram, aquele gesto de amor, que fariam «amanhã».

E, por isso, o mesmo mundo que criemos nos cumpre tê-lo com cuidado, como coisa
que não é nossa, que nos é cedida para a guardarmos respeitosamente em memória do sangue que nos corre nas veias, da nossa carne que foi outra, do amor que outros não amaram porque lho roubaram.

Lisboa, 25 de Junho de 1959


Jorge de Sena

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Medidas do governo de Passos Coelho / Paulo Portas



·         Fechem-se em casa. Se tiverem a sorte de ter uma casa ou de conseguirem pagar a renda de uma casa que nunca vai ser vossa.

·         Não se mexam para não gastarem energias que podem vir a precisar depois para trabalhar. Quanto mais se mexerem mais fome terão e sede.

·         Evitem comer e beber, principalmente beber, porque vamos aumentar os impostos até sobre as bebedeiras. Nunca vão comer a restaurantes, nunca saiam para se divertir, nunca mas nunca vão de férias.

·         Saiam de casa apenas e só para ir trabalhar (de preferência vão a pé), sejam produtivos apesar de completamente desmotivados, esforcem-se por agradar aos patrões para não serem despedidos, ainda que vos peçam coisas que nada têm a ver com as vossas funções, ainda que vos maltratem, ainda que vos obriguem a trabalhar horas extra sem receber nada por isso, ainda que sejam explorados e estejam a recibos verdes (com patrão), ainda que sejam licenciados e estejam a receber o mesmo que um trabalhador sem formação, ainda que vos batam com um pau.

·         Aceitem tudo para não serem despedidos porque se vocês não quiserem há mais 100 ou 200 escravos prontos para fazerem o mesmo que vocês ou ainda mais por menos ordenado. E os subsídios de desemprego... já se sabe, vão ser menores e por menos tempo... ninguém quer ir para o desemprego só porque não aceitou limpar os sapatos ao patrão com a língua, pois não? Portem-se com juízo, sejam cordeirinhos, aceitem tudo.

·         Não comprem música, arte, não vão a museus, não visitem exposições, não comprem livros, não vão passear pelo campo: tudo isso são gastos desnecessários, ninguém morre por não ter acesso à cultura.
·         Não comprem prendas de Natal, nem de aniversário, nem de nada. Toda a agente vai perceber porque eles próprios também não têm dinheiro para as comprar.

·         Não mimem os vossos filhos com um doce sequer, porque depois vão ter de ir ao dentista com eles e isso, já se sabe, vai-vos ficar caro. Aliás, estamos todos proibidos de adoecer, de engravidar, de partir uma perna ou espirrar sequer. O Estado não tem orçamento para baixas médicas, subsídios de maternidade e ainda suportar as despesas de saúde das pessoas que decidiram que tinham de nascer em Portugal.
·         Não nasçam mais em Portugal! Ouviram casais jovens que pensam em ter filhos? Esqueçam isso, só vos vão dar mais despesas e preocupações...

·         Se são daqueles que fumam (mais) por terem preocupações, esqueçam isso também: o imposto sobre o tabaco (que dá lucro ao Estado, mesmo depois de pagar todas as despesas com a saúde dos fumadores) também vai aumentar e quando virem o preço vão perceber porque é nos maços está a avisar que "fumar pode aumentar o risco de ataques cardíacos".

·         Finalmente se já forem velhinhos, se trabalharam toda a vida para sustentar este ser virtual e egocêntrico que se chama Estado, que tudo vos pede e nada vos dá, se a única alegria que têm na vida é ir nas excursões do turismo sénior (esqueçam, esqueçam o turismo sénior...) ou dar uma notita aos vossos netos no Natal para ver um sorriso a nascer de quem nasceu de vós, dêm graças ao Alzeimer porque só ele vos pode ajudar a esquecer a merda de país em que "escolhemos" nascer. 

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Os Lusíadas - Extracto de Versão actualizada



I

  As sarnas de barões todos inchados
  Eleitos pela plebe lusitana
  Que agora se encontram instalados
  Fazendo o que lhes dá na real gana
  Nos seus poleiros bem engalanados,
  Mais do que permite a decência humana,
  Olvidam-se do quanto proclamaram
  Em campanhas com que nos enganaram!

II
  E também as jogadas habilidosas
  Daqueles tais que foram dilatando
  Contas bancárias ignominiosas,
  Do Minho ao Algarve tudo devastando,
  Guardam para si as coisas valiosas…
  Desprezam quem de fome vai chorando!
  Gritando levarei, se tiver arte,
  Esta falta de vergonha a toda a parte!

III
  Falem da crise grega todo o ano!
  E das aflições que à Europa deram;
  Calem-se aqueles que por engano…
  Votaram no refugo que elegeram!
  Que a mim mete-me nojo o peito ufano
  De crápulas que só enriqueceram
  Com a prática de trafulhice tanta
  Que andarem à solta só me espanta.

IV
  E vós, ninfas do Coura onde eu nado
  Por quem sempre senti carinho ardente
  Não me deixeis agora abandonado
  E concedei engenho à minha mente,
  De modo a que possa, convosco ao lado,
  Desmascarar de forma eloquente
  Aqueles que já têm no seu gene
  A besta horrível do poder perene!



   Luiz Vais Sem Tostões

Folha salarial da Fundação Cidade de Guimarães


Folha salarial (da responsabilidade da Câmara Municipal) dos
administradores e de outros figurões, da Fundação Cidade de Guimarães, criada para a Capital da Cultura 2012:

-  Jorge Sampaio - Presidente do Conselho de Administração:
14.300 € (2 860 contos) mensais + Carro + Telemóvel + 500 € por reunião
-  Carla Morais - Administradora Executiva
12.500 €  (2 500 contos) mensais + Carro + Telemóvel + 300 € por reunião
-  João B. Serra - Administrador Executivo
12.500 € mensais + Carro + Telemóvel + 300 € por reunião
-  Manuel Alves Monteiro - Vogal Executivo
2.000 € mensais + 300 € por reunião

Todos os 15 componentes do Conselho Geral, de entre os quais se
destacam Jorge Sampaio, Adriano Moreira, Diogo Freitas do Amaral e Eduardo Lourenço, recebem 300 € por reunião, à excepção do Presidente (Jorge Sampaio) que recebe 500 €.

Em resumo: 1,3 milhões de Euros por ano (dinheiro injectado pelo Estado Português) em salários. Como a Fundação vai manter-se em funções até finais de 2015, as despesas com pessoal deverão ser de quase 8 milhões de Euros !!!
Reparem bem: Administradores ganhando mais do que o PR e o PM !

Esta obscenidade acontece numa região, como a do Vale do Ave, onde o desemprego ronda os 15 % !!!

Alguém acredita em leis anti-corrupção feita por corruptos?

sexta-feira, 28 de outubro de 2011


O IVA a 23% e os salários mínimos

 Afirma o Sr. Ministro das Finanças que o aumento da taxa do IVA para 23% nas facturas do gás e da electricidade...
"Passará da taxa reduzida para a taxa normal, à semelhança da esmagadora maioria dos países da União Europeia", frisou Vítor Gaspar.
Então comparemos também os SALÁRIOS MÍNIMOS NA EUROPA
Eurolândia:
Luxemburgo - 1.757,56€
Irlanda - 1.653,00€
Bélgica - 1.415,24€
Holanda - 1.400,00€
França - 1.377,70€
Espanha - 748,30€
Portugal - 485,00€
.. UE
Reino Unido - 1.035,00€
.. Extra-UE
Suíça - 2.916,00€

Estarão a brincar connosco???

Diário da República nº 28 - I série- datado de 10 de Fevereiro de 2010 - RESOLUÇÃO da Assembleia da República nº 11/2010 -
Poderão aceder através do site http://www.dre.pt  

Vamos ler:
Algumas rubricas do orçamento da Assembleia da Republica:

1 - Vencimento de Deputados ....................................................................12 milhões 349 mil Euros
2 - Ajudas de Custo de Deputados...........................................................2 milhões 724 mil Euros
3 - Transportes de Deputados ................................................................3 milhões 869 mil Euros
4 - Deslocações e Estadas ...............................................................................2 milhões 363 mil Euros
5 - Assistência Técnica (??) ..................................................2 milhões 948 mil Euros
6 - Outros Trabalhos Especializados (??) ............................3 milhões 593 mil Euros
7 - RESTAURANTE,REFEITÓRIO,CAFETARIA.................................................961 mil Euros
8 - Subvenções aos Grupos Parlamentares..........................................................970 mil Euros
9 - Equipamento de Informática ..........................................2 milhões 110 mil Euros
10- Outros Investimentos (??) .............................................2 milhões 420 mil Euros
11- Edifícios .................................. ................................................2 milhões 686 mil Euros
12- Transfer's (??) Diversos (??).......................................13 milhões 506 mil Euros
13- SUBVENÇÃO aos PARTIDOS na A. R. ..............................16 milhões 977 mil Euros
14- SUBVENÇÕES CAMPANHAS ELEITORAIS ..........................73 milhões 798 mil Euros
 
Em resumo e NO TOTAL a DESPESA ORÇAMENTADA para o ANO de 2010, é :€ 191 405 356,61 (191 Milhões 405 mil 356 Euros e 61 cêntimos) - Ver Folha 372 do acima identificado Diário da República nº 28 - 1ª Série -, de 10 de Fevereiro de 2010.

Vamos lá então ver se isto agora já o começa a incomodar um "bocadinho". Repare:
Cada deputado, em vencimentos e encargos directos e indirectos custa ao País, cerca de 700.000 Euros por ano. Ou seja cerca de 60.000 Euros mês!

quinta-feira, 27 de outubro de 2011


Como é possivel que haja pessoas que gastem numa refeição um ordenado de um trabalhador honesto?

Tanta gente anda por ai a prostituir-se ao poder.
Os politicos, os ricos e os poderosos julgam-se superiores ao povo. Eles acham que se estão no lugar onde se encontram, foi porque o merecem, por serem mais inteligentes, mais espertos, melhores que os outros, a “raia miuda”. Que são destinados por Deus para nos domar.

O povo foi condenado a ser escravo, os ricos, os poderosos, os politicos e a igreja assim o derteminam.
O povo deve nascer, viver e morrer, sempre sujeito ao dominio dos ricos. Escravo, submisso e oprimido.
Mas uma sociadade não se constroi com a escravidão do povo, com a abdicação da liberdade individual, com a falta de justiça para os pobres e fracos, com a pobreza e fome.

O cidadão deve obedecer á lei, mas essa lei deve ser justa, se não o for o homem deve desobedecer, é sua obrigação fazê-lo para defesa do próprio homem, da humanidade.
São os mesmos que te oprimem, que leem na Biblia, Jesus Cristo a dizer: “Amor entre todos os homens da terra”.
O poder do capital usa o homem, usa-se do seu próprio corpo, da sua força de trabalho, conserva-o ao seu serviço, gasta-o até ele ficar cansado ou mutilado, e depois manda-o pedir esmola.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011


Povo dizem que és soberano. Também diziam que Cristo era rei, e vejam o que lhe aconteceu.
Os “representantes do povo” discutem e votam leis, em que aumentam os seus privilégios. O povo tornou-se um grande rebanho, preso por grilhetas e que é alimentado pelos “bondosos” donos.

Terá o país de prosperar no suor e lágrimas dos pobres? Achas que substituir uns tiranos por outros soluciona os teus problemas?
Actualmente os governos, longe de minorar, agravam a miséria dos povos. Ao pobre tudo é condenado e oprimido, ao rico tudo é perdoado e elogiado.
A hipocrisia tem lágrimas para te enternecer. Rega a fortuna dos ricos com o teu suor, dá o teu dinheiro ás garras dos governos e dos bancos, tira da boca dos teus filhos para engordares os ricos.
E continua a gradecer á igreja por Deus, que tão generoso é contigo, por te manter pobre e humilde.
Vive para a chibata, para a escravidão entre o poder económico e religioso.
A inteligencia, a saude e o coração que Deus te deu para raciocinar e amar, que te sirvam só para obedecer aos poderosos e ricos.
Roja os teus pés como escravo aos pés deles, que eles te hão-de tolerar enquanto te puderem explorar, presta-lhes vassalagem.

Tu serás sempre a abelha que fabrica o mel que o rico há-de comer.
Povo não deixes que te digam que és inutil e improdutivo, que precisas de trabalhar mais e receber menos para salvar Portugal, que te digam que é inutil em Portugal fazer outra revolução.