segunda-feira, 30 de agosto de 2010



A formiga no carreiro
Vinha em sentido contrário
Caiu ao Tejo
Ao pé de dum septuagenário
Larpou trepou ás tábuas
Que flutuavam nas águas
E de cima de uma delas
Virou-se para o formigueiro
Mudem de rumo
Já lá vem outro carreiro

Era este o Portugal pequenino cantado por Zeca Afonso.

Os homens do “canto livre” usavam palavras com duplo sentido para fazerem passar a mensagem.
O canto era uma forma de luta.
Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire, José Jorge Letria, Vitorino, José Barata Moura e muitos outros estavam proibidos de tocar em público. A rádio não passava os seus discos, não podiam ir á televisão, nem dar entrevistas.

Veio a revolução e muitos foram votados a um novo e diferente ostracismo.
Muitos deixaram de cantar.

Há sempre alguém que resiste
Há sempre alguém que diz não

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