Antes do 25 de Abril, a GNR era temida em toda a parte.
Mas mais no Alentejo.
E eles mereciam a sua reputação.
A partir das 22 horas não se consentia mais barulho da rua, senão os das suas botas, mesmo naquelas noites de intenso calor alentejano.
Os latifundiários eram protegidos, o povo era maltratado.
Havia militares da GNR que exigiam que os homens tirassem o chapéu à sua passagem. Um acto de provocação para quem morria com o chapéu na cabeça.
Os abusos eram constantes, a impunidade absoluta. Abundavam os espancamentos e as prisões. E por vezes as mortes.
Em Abril de 1962, em Aljustrel 2 mineiros foram abatidos, António Adanjo e Francisco Madeira.
Em 19 de Maio de 1954, em Baleizão, Catarina Eufémia , uma simples camponesa de 26 anos, foi morta com 2 tiros de metralhadora, pelo tenente da GNR Carrajola. Levava ao colo o filho de 8 meses. O tenente foi a tribunal e absolvido.
O trabalho era de sol a sol, quais 8 horas por dia…
Os senhores proprietários exibiam, tal como hoje, sinais exteriores de riqueza ostensivamente, e exercícios de caridade.
Só na altura das ceifas se tinha dinheiro para pagar as dívidas da mercearia, vestir e calçar a família. As sementeiras e as mondas não davam para tanto. Contratos de trabalho, visto-lhos…
Destinou-se que o Alentejo seria "o celeiro da nação", condenando o desenvolvimento da região. Sem industria. Um desastre. Com a mecanização da agricultura, foi o desastre.
Nos dias de chuva não se trabalhava e não se recebia.
Não se vivia, vegetava-se...
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