segunda-feira, 26 de novembro de 2012
domingo, 18 de novembro de 2012
Tarrafal
O campo de concentração do Tarrafal era um rectângulo de
arame farpado contornado por uma vala de 4 metros de largura e
profundidade.
Ficava entre montes escarpados, sem vegetação.
Havia um talude de 3 metros feito de terra e onde estava instalada
uma metralhadora.
Uma ponte de madeira era a única entrada e saída do campo.
Dum lado e do outro estão dois fortins.
Dentro do campo existem 4 barracões sem higiene, barracas de
madeira que funcionam como oficinas, balneário e uma cozinha, tudo sem condições
de asseio.
Havia algumas árvores no recinto.
Em 29 de Outubro de 1936 chegaram os primeiros presos da
ditadura, vindos de outras prisões, como Caxias e Peniche, em condições
desumanas.
Ao fim de dois anos as barracas apodreceram, e os
prisioneiros eram obrigados a consertá-las o único edifício de pedra era a
cozinha, e mesmo assim inacabada.
Dentro das barracas não havia luz. A comida era intragável,
que por vezes os presos comiam com miolo de pão nas narinas por causa do mau
cheiro.
Os presos eram obrigados a trabalhar numa pedreira. Depois
do trabalho não havia água para se lavarem, nem para lavar a roupa. Não havia médico, nem enfermeiro, nem
medicamentos.
Um dia um cão ficou amigo dos presos, e um guarda decidiu
abatê-lo com um tiro no crânio.
Em 12 de Julho de 1937 chegaram novos 41 presos, a juntar
aos primeiros 150.
O barracão que servia de sala de instrução foi desmantelado.
A 2 de Agosto dá-se a primeira tentativa de fuga. 16 presos
forma metidos no “segredo”. O edifício tinha 7 metros de comprimento e
3,5 de largura coberto por cimento armado, dividido em 2 divisões. É a chamada
“frigideira”. A luz e o ar entram por 3 buracos feitos na porta de ferro, e por
um pequeno rectângulo aberto junto ao tecto. Durante o dia o ar aquece lá
dentro e torna-se irrespirável, os presos tem de se despir para suportar o
calor. A tortura passa por privar os presos de água e comida.
Ai, são obrigados a passar mais de 10 dias e que podem
chegar aos 50. Não são permitidos banhos e as necessidades são feitas numa
lata, que com o calor faz um cheiro horrível, e a urina a evaporar faz arder os
olhos. Revezam-se junto aos buraquinhos da porta para poderem respirar.
De noite os mosquitos invadem as celas. De dia eram
espancados, e os corpos doíam deitados no chão de terra dura. Durante o dia os
buraquinhos da porta eram tapados para torturar ainda mais os prisioneiros. A
água da lata com o calor apodrecia.
Só pela madrugada a porta arrefecia e os presos
encostavam-se a ela, para se refrescarem. Com tudo isto as doenças vinham. Era
no chão, completamente nus, que agonizavam, entre picadas das formigas.
Durante 6 meses foram proibidos de escrever ás famílias. A
ração de água foi também diminuída.
No dia 4 de Agosto os doentes forma obrigados a estar 4
horas ao sol.
Com o tempo o calçado gastou-se e os presos tinham de andar
descalços. Deixou de haver papel higiénico, e os presos passaram a usar roupa
para se limparem, camisas e até lençóis.
Começaram a vir os vómitos devido a má alimentação. Os
indígenas foram proibidos de entrar no campo, com receio de haver uma epidemia
na ilha.
A 20 de Setembro começaram a morrer presos. Os caixões eram
feitos pelos outros presos, que trabalhavam dia e noite, para que os corpos dos
companheiros de infortúnio não apodrecessem. Só no dia 30 de Setembro se soube
dos primeiros 6 mortos do campo.
A 29 de Outubro as mortes recomeçaram. Em 17 de Novembro,
Manuel Martins dos Reis é afastado de director da prisão do Tarrafal, acusado
de roubar o estado. Os livros das contas da prisão desapareceram.
Foi nomeado director José Júlio da Silva e as condições
melhoraram.
A esposa de um oficial ofereceu 2 cães aos presos, mas um
deles, que se virava aos guardas em defesa dos presos, foi levado para ser
enforcado, e deram-lhe 2 tiros na cabeça. Sobreviveu e foi tratado em segredo
pelos presos, mas foi de novo apanhado e enforcado com arame farpado.
Dia 20 de Janeiro as mortes recomeçam. O médico era
indiferente parente os doentes, controlando e sonegando os medicamentos.
Em 19 de Outubro de 1938 José Júlio da Silva é substituído
por João da Silva.
Este carrasco tratou logo de piorar as condições dos
prisioneiros. Começaram os castigos em série e os espancamentos.
Durante os dois anos de comando a “frigideira” nunca esteve
vazia, para onde iam os presos por motivos sempre ridículos. Os carrascos eram
sempre estúpidos e incultos.
A 6 de Julho de 1940 foi substituído por Duarte Osório
Fernandes.
Em condenações finavam, mas os presos não eram libertos,
alguns ficaram presos mais 6 anos do que a pena, muitos morreram depois de
cumprir pena.
domingo, 4 de novembro de 2012
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